Mais um ano e não tenho o que reclamar da vida! Muitas coisas aconteceram de boas em 2008... Talvez o que mais aprendi, com tantas coisas boas, é uma verdade que pra mim parece inabalável: até para o sucesso precisamos estar preparados!
Não adianta seguir em frente, compartilhando ao mundo o seu sucesso, pois isto incomoda! Os velhos sentimentos que tanto perseguem o ser humano, tão demonstrados nas grandes tragédias gregas, parecem continuar em torno de nós. Então, não basta apresentar ao mundo o seu sucesso, mas é preciso estar pronto para ele... Porque, caso contrário, pagamos um alto preço.
Enquanto houver sentimentos medíocres, mascarados em justificativas vãs, precisamos mesmo ter cuidado em compartilhar o sucesso. Mas acho que também encontrei um antídoto para isto tudo, explicado por um poema de Mário Quintana:
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Um grande 2009 a todos nós, e que nossos sucessos sejam bem vindos, mas, mais do que isso, estejamos mais bem preparados para eles, tanto como para as derrotas que vierem. A vantagem destas últimas é que podemos ver melhor onde erramos, pois nos ensinam de forma mais direta...
Filosofia é a arte do pensamento. Do abstrato ao concreto, do intangível ao tangível, do sem sentido às entrelinhas, tudo passa por nossos pensamentos e a expressão dessas idéias talvez seja o mais difícil para nós! Aqui, vou tentar expressar idéias que muitas vezes ficam apenas em minha cabeça e quase sempre estão além das (atitudes, ações, justificativas e idéias) ideais!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Tempo
Para todos, ofereço uma mensagem do Drummond:
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...
...Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua FELICIDADE!!!
(Carlos Drummond de Andrade)
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...
...Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua FELICIDADE!!!
(Carlos Drummond de Andrade)
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Aprendendo a desejar
É engraçado como a força das tradições durante centenas de anos consolidam sentimentos e razões que passamos a cultivar ano após ano. O Natal é uma delas. Na verdade, o Natal é a comemoração do nascimento de um Grande Homem que NÃO nasceu, de fato, no dia 25 de dezembro. Alguns estudiosos acreditam, entretanto, após o estudo de algumas dicas dados em textos apócrifos ou na própria Bíblia, que Jesus nasceu entre março e abril do ano 7 ANTES DE CRISTO. Engraçado que essas tradições incluem o Papai Noel e a troca de presentes, símbolos que parecem não estarem correlacionados com o nascimento do Grande Homem, mas que são facilmente explicados com as ocorrências históricas relacionadas com esta época.
Historicismos à parte, parece que o que vemos é uma grande mudança na personalidade das pessoas. Vemos as pessoas mais sensíveis e receptivas a falar com as outras. Também podemos notar que queremos sempre desejar bons sentimentos aos nossos próximos, torcendo para que seus desejos sejam atendidos no ano vindouro. E acho que é ai que mora o perigo. Sim, porque o que vemos, parecem ser desejos bem egoístas sendo realizados a cada ano. Porque parece que quando fazemos os votos de que os desejos de nossos próximos sejam realizados, esquecemos que muitos deles podem interferir na vida dos outros e, se muitos são bons para uns, outros são perniciosos para outros.
O que mais acalenta é que, parece também que, a cada ano, melhoramos mais os nossos desejos. Aprendemos mais a desejar, característica típica do ser humano. Um desejo, ao meu ver, não deve ser direcionado ao ter mais, mas ao ser melhor. E isso, nós seres humanos, precisamos aprender todos os anos. Sim, pois desejamos durante os 365 dias do ano, mas só no Natal pensamos sobre estes desejos. Acho que esta época do ano realmente facilita o nosso lado mais sensível, pois é como se estivéssemos abertos a recomeçar, a renovar nossas convicções e expectativas para um ano que está perto de chegar.
Em outras palavras, acho que o desejo da satisfação de nossas "necessidades" deve recair num crivo mais consistente, não significando criarmos uma cama de Procusto para nossas aspirações egoístas, mas imaginar o que realmente importa para nós em termos de crescimento espiritual e o que podemos fazer pelos outros. Difícil, mas a cada ano parece que aprendemos melhor a desejar essas coisas, nem que seja à base do sofrimento...
Historicismos à parte, parece que o que vemos é uma grande mudança na personalidade das pessoas. Vemos as pessoas mais sensíveis e receptivas a falar com as outras. Também podemos notar que queremos sempre desejar bons sentimentos aos nossos próximos, torcendo para que seus desejos sejam atendidos no ano vindouro. E acho que é ai que mora o perigo. Sim, porque o que vemos, parecem ser desejos bem egoístas sendo realizados a cada ano. Porque parece que quando fazemos os votos de que os desejos de nossos próximos sejam realizados, esquecemos que muitos deles podem interferir na vida dos outros e, se muitos são bons para uns, outros são perniciosos para outros.
O que mais acalenta é que, parece também que, a cada ano, melhoramos mais os nossos desejos. Aprendemos mais a desejar, característica típica do ser humano. Um desejo, ao meu ver, não deve ser direcionado ao ter mais, mas ao ser melhor. E isso, nós seres humanos, precisamos aprender todos os anos. Sim, pois desejamos durante os 365 dias do ano, mas só no Natal pensamos sobre estes desejos. Acho que esta época do ano realmente facilita o nosso lado mais sensível, pois é como se estivéssemos abertos a recomeçar, a renovar nossas convicções e expectativas para um ano que está perto de chegar.
Em outras palavras, acho que o desejo da satisfação de nossas "necessidades" deve recair num crivo mais consistente, não significando criarmos uma cama de Procusto para nossas aspirações egoístas, mas imaginar o que realmente importa para nós em termos de crescimento espiritual e o que podemos fazer pelos outros. Difícil, mas a cada ano parece que aprendemos melhor a desejar essas coisas, nem que seja à base do sofrimento...
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Temos sempre razão
Nunca uma frase foi tão bem dita quanto a de Saramago: "o animal faz melhor uso do instinto que o homem da razão". É uma frase que se auto-explica, auto-completa e não faz círculos tergiversantes. Podemos aplicar esta idéia a qualquer área em que o ser humano esteja envolvido.
Algum filósofo já disse que o homem é um ser político! Não porque nós temos um potencial para sermos vereadores ou deputados, mas porque o homem é um ser social. Precisamos conviver em sociedade e isso parece despertar uma séria de contextos que nos devem influenciar sermos "vindos de polis", "ta politika", "vindos de cidades", que é em última instância a origem da palavra política. Ou seja, devemos saber viver em aglomerados, com direitos e deveres. E é ai que parece nascer o maior problema de nós seres humanos: os direitos e deveres!
Quase sempre pensamos ter mais direitos que deveres. São as nossas conveniências mais íntimas que nos incita a reclamar mais um que o outro. É impressionante como uma vista rápida de olhos em algumas situações, vemos como distorcemos as circunstâncias ao nosso bel prazer, refugiando-nos em nossas carências e mascarando-nos de juízes da vida: este é o MEU DIREITO, mas o SEU DEVER!
Conveniências servem pra isso, pra nos ajudar achar justificativas para nossas ações mais estúpidas. Ficamos cegos e até mesmo nos damos o direito da contradição. Sim, porque não parece ser possível justificar uma conveniência sem uma contradição em determinado tempo. E vamos caminhando, sem razão aparente... digo aparente, pois a razão é muito simples, apesar de sermos uma animal político, vivemos em profunda solidão. E mesmo aqueles que vivem rodeados de pessoas, comumente vivem mimetismos superficiais determinados pelo grupo. São as escolhas de cada um...
Parcialmente sãos, parcialmente loucos, vamos caminhando para uma expectativa espetacular de que um dia seres de outros planetas invada a terra e nos salve, e pouco a pouco vamos esquecendo os nossos deveres. Deveres de sermos honestos para com nós mesmos, de sermos apaixonados pelo que fazemos independente de quaisquer circunstâncias, de seguirmos uma razão para além de algumas convenções sociais que nos impelem a comportamentos esquálidos de amor próprio.
Enfim, mas não por fim, razão está provado que temos ou que pelo menos existe, porém parece que fazemos uso dela de uma forma bastante cega...
Algum filósofo já disse que o homem é um ser político! Não porque nós temos um potencial para sermos vereadores ou deputados, mas porque o homem é um ser social. Precisamos conviver em sociedade e isso parece despertar uma séria de contextos que nos devem influenciar sermos "vindos de polis", "ta politika", "vindos de cidades", que é em última instância a origem da palavra política. Ou seja, devemos saber viver em aglomerados, com direitos e deveres. E é ai que parece nascer o maior problema de nós seres humanos: os direitos e deveres!
Quase sempre pensamos ter mais direitos que deveres. São as nossas conveniências mais íntimas que nos incita a reclamar mais um que o outro. É impressionante como uma vista rápida de olhos em algumas situações, vemos como distorcemos as circunstâncias ao nosso bel prazer, refugiando-nos em nossas carências e mascarando-nos de juízes da vida: este é o MEU DIREITO, mas o SEU DEVER!
Conveniências servem pra isso, pra nos ajudar achar justificativas para nossas ações mais estúpidas. Ficamos cegos e até mesmo nos damos o direito da contradição. Sim, porque não parece ser possível justificar uma conveniência sem uma contradição em determinado tempo. E vamos caminhando, sem razão aparente... digo aparente, pois a razão é muito simples, apesar de sermos uma animal político, vivemos em profunda solidão. E mesmo aqueles que vivem rodeados de pessoas, comumente vivem mimetismos superficiais determinados pelo grupo. São as escolhas de cada um...
Parcialmente sãos, parcialmente loucos, vamos caminhando para uma expectativa espetacular de que um dia seres de outros planetas invada a terra e nos salve, e pouco a pouco vamos esquecendo os nossos deveres. Deveres de sermos honestos para com nós mesmos, de sermos apaixonados pelo que fazemos independente de quaisquer circunstâncias, de seguirmos uma razão para além de algumas convenções sociais que nos impelem a comportamentos esquálidos de amor próprio.
Enfim, mas não por fim, razão está provado que temos ou que pelo menos existe, porém parece que fazemos uso dela de uma forma bastante cega...
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Supermercado das emoções
Rótulos servem comumente para estamparem características e nomes de produtos. Todo produto tem um rótulo, pois se assim não o fosse, algumas coisas seriam difíceis de caracterizar, como por exemplo, aspargos. Imagine se toda embalagem de aspargos viesse sem um rótulo, creio que ninguém compraria isso! Visualmente, aspargos são totalmente sem graça, meio esbranquiçado, meio esverdeado, parecem lembrar uma mini cana-de-açúcar meio verde, meio branca.
Enfim, rótulos são necessários! Acho que partiu dai a necessidade do ser humano de rotular tudo: louras são burras, homens são canalhas (quando se tratam de mulheres), fulano é isso, sicrano é aquilo! O bom do rótulo é que depois que o usamos, não precisamos mais pensar sobre aquilo: o produto está caracterizado. Não precisamos ter muito trabalho para definir que um aspargo é mesmo um aspargo, pois alguém já rotulou aquilo de um aspargo!
Rotular é uma coisa que até nos ajuda quando nos falta palavras: "isso é muito esquisito". Tudo que é "esquisito" parece algo extra-terrestre, mas enfim teimamos em utilizar esta palavra pois é mais conveniente. Quando encerramos um determinado pensamento, estampamos um rótulo, pois aquela coisa parece ter uma "cara" pra gente... E prosseguimos com nossas experiências. Mais adiante, vemos algo mais ou menos parecido com algum rótulo do passado e buscamos em nosso banco de dados, ou seria banco de rótulos?, para ver qual aquela que mais se adequa a pessoa ou situação a nossa frente. É verdade que isso parece nos poupar imenso tempo em pensamentos intrincados sobre determinada coisa. Outras vezes, para disfarçarmos, passamos a usar rótulos mais disfarçados sob a égide do cinismo, para não nos fazermos notar. Mas quase sempre o rótulo parece aquele pensamento acostumado, envelhecido pelo tempo, guardado num baú, onde rapidamente podemos buscá-lo para nos defender dos terríveis "inimigos externos".
O engraçado dessa história toda é que rotulando ou sendo rotulado, a humanidade caminha a passos largos para uma superficialidade que abrange mais e mais a sua própria frustração. E isso não é uma conclusão, porque se fosse, seria um rótulo e não gostaria de terminá-lo assim...
Enfim, rótulos são necessários! Acho que partiu dai a necessidade do ser humano de rotular tudo: louras são burras, homens são canalhas (quando se tratam de mulheres), fulano é isso, sicrano é aquilo! O bom do rótulo é que depois que o usamos, não precisamos mais pensar sobre aquilo: o produto está caracterizado. Não precisamos ter muito trabalho para definir que um aspargo é mesmo um aspargo, pois alguém já rotulou aquilo de um aspargo!
Rotular é uma coisa que até nos ajuda quando nos falta palavras: "isso é muito esquisito". Tudo que é "esquisito" parece algo extra-terrestre, mas enfim teimamos em utilizar esta palavra pois é mais conveniente. Quando encerramos um determinado pensamento, estampamos um rótulo, pois aquela coisa parece ter uma "cara" pra gente... E prosseguimos com nossas experiências. Mais adiante, vemos algo mais ou menos parecido com algum rótulo do passado e buscamos em nosso banco de dados, ou seria banco de rótulos?, para ver qual aquela que mais se adequa a pessoa ou situação a nossa frente. É verdade que isso parece nos poupar imenso tempo em pensamentos intrincados sobre determinada coisa. Outras vezes, para disfarçarmos, passamos a usar rótulos mais disfarçados sob a égide do cinismo, para não nos fazermos notar. Mas quase sempre o rótulo parece aquele pensamento acostumado, envelhecido pelo tempo, guardado num baú, onde rapidamente podemos buscá-lo para nos defender dos terríveis "inimigos externos".
O engraçado dessa história toda é que rotulando ou sendo rotulado, a humanidade caminha a passos largos para uma superficialidade que abrange mais e mais a sua própria frustração. E isso não é uma conclusão, porque se fosse, seria um rótulo e não gostaria de terminá-lo assim...
domingo, 30 de novembro de 2008
Minha razão é minha hóstia
Hoje vi uma entrevista com Saramago. Em certa altura, tocaram (como sempre) não questão de Deus e o comunismo, e o grande sábio, respondeu: "Deus não existe. Ponto!". A certeza emanava do homenzinho.
Sempre gostei muito dos ateus. Eles são pessoas especiais e a impressão que tenho é que Deus tem um carinho especial por eles! Conheço menos ateus pilantras do que religiosos éticos. De uma certa forma, creio que a ética de um homem não deve ser definida por sua religião. É o que o próprio Saramago explica: "o animal faz melhor uso do instinto que o homem da razão!". Não é definitivamente pelo fato de seguirmos uma crença religiosa que nos tornamos melhor que os outros ou nem que vá nos levar ao Céu!
Ao longo da história da humanidade, o homem tem usado este conceito, que conhecemos de Deus para muitos fins, e o maior deles é o benefício próprio. Benefício este que vive nas mãos de uns poucos! O a-teu ("não-Deus", em latim) não é aquele que parece desacreditar em um "Deus", mas aquele que parece rechaçar a idéia de Deus que vem se perpetuando a milhares de anos! A compreensão sobre Deus é algo difícil, principalmente quando nos falta palavra para definí-lo, por esta razão creio que os ateus terminam se opondo a idéia do Deus vingativo, vulgar, aquele que se alia aos interesses de alguns poucos, ou mesmo permite que tantos males assombre a humanidade. Ou quem sabe terminam acreditando que Deus não existe justamente por este último!
Estas idéias de Deus parecem ser vazias, como se tivéssemos que lidar com a idéia de que a qualquer momento fôssemos deixar de existir por causa dele, como se fôssemos seres abjetos e à mercê de um déspota. E sempre que queremos convencer a alguém de que Ele existe, recorremos a citações da Bíblia. Como diz Saramago: "este é um livro que não deveríamos dar para qualquer adolescente, pois só se passa assassínios, mortes, tragédias, traições!". E nunca paramos para compreender o que nos tenta dizer este livro milenar!
Gosto da palavra "agnóstico", o que de forma alguma significa "não crer", mas sim "é difícil explicar a nossa crença!". Acho que um ateu não passa de um agnóstico, que no alto da sua sinceridade prefere dizer que Deus não existe... obviamente, deve se referir àquele Deus imposto por quem prefere usá-lo para o poder. Instituições religiosas em todo o mundo cada vez dão prova disso, e infelizmente há pouca gente sincera que possa mostrar hoje em dia que o caminho da ética, bondade e caridade está além de um culto ou de um dogma, mas reside na razão humana em discernir o que é bom e mau, tarefa nada fácil...
Para terminar, peço licença ao Rappa para citar um de umas das suas músicas: "tentei ser crente, mas meu Cristo é diferente, sua sombra é sem cruz... naquela luz."
Sempre gostei muito dos ateus. Eles são pessoas especiais e a impressão que tenho é que Deus tem um carinho especial por eles! Conheço menos ateus pilantras do que religiosos éticos. De uma certa forma, creio que a ética de um homem não deve ser definida por sua religião. É o que o próprio Saramago explica: "o animal faz melhor uso do instinto que o homem da razão!". Não é definitivamente pelo fato de seguirmos uma crença religiosa que nos tornamos melhor que os outros ou nem que vá nos levar ao Céu!
Ao longo da história da humanidade, o homem tem usado este conceito, que conhecemos de Deus para muitos fins, e o maior deles é o benefício próprio. Benefício este que vive nas mãos de uns poucos! O a-teu ("não-Deus", em latim) não é aquele que parece desacreditar em um "Deus", mas aquele que parece rechaçar a idéia de Deus que vem se perpetuando a milhares de anos! A compreensão sobre Deus é algo difícil, principalmente quando nos falta palavra para definí-lo, por esta razão creio que os ateus terminam se opondo a idéia do Deus vingativo, vulgar, aquele que se alia aos interesses de alguns poucos, ou mesmo permite que tantos males assombre a humanidade. Ou quem sabe terminam acreditando que Deus não existe justamente por este último!
Estas idéias de Deus parecem ser vazias, como se tivéssemos que lidar com a idéia de que a qualquer momento fôssemos deixar de existir por causa dele, como se fôssemos seres abjetos e à mercê de um déspota. E sempre que queremos convencer a alguém de que Ele existe, recorremos a citações da Bíblia. Como diz Saramago: "este é um livro que não deveríamos dar para qualquer adolescente, pois só se passa assassínios, mortes, tragédias, traições!". E nunca paramos para compreender o que nos tenta dizer este livro milenar!
Gosto da palavra "agnóstico", o que de forma alguma significa "não crer", mas sim "é difícil explicar a nossa crença!". Acho que um ateu não passa de um agnóstico, que no alto da sua sinceridade prefere dizer que Deus não existe... obviamente, deve se referir àquele Deus imposto por quem prefere usá-lo para o poder. Instituições religiosas em todo o mundo cada vez dão prova disso, e infelizmente há pouca gente sincera que possa mostrar hoje em dia que o caminho da ética, bondade e caridade está além de um culto ou de um dogma, mas reside na razão humana em discernir o que é bom e mau, tarefa nada fácil...
Para terminar, peço licença ao Rappa para citar um de umas das suas músicas: "tentei ser crente, mas meu Cristo é diferente, sua sombra é sem cruz... naquela luz."
sábado, 22 de novembro de 2008
O vazio e as cores
Quando me elogiam, metade de mim é vaidade, outra metade é consciência! Elogiar-me não deixa de ser um ato prazeroso no momento que se inícia um elogio, porém parece se transformar em algo inútil em seguida, quando percebo que muitas vezes (acho que 99.9999% das vezes) este elogio tem outra finalidade!
Minha esposa, por exemplo, me elogia porque gosta de mim e quer me ver bem, mesmo que algumas vezes não consiga apreender o porquê daquele fato que motivou o elogio! Meus alunos me elogiam quase sempre porque precisam criar uma empatia que os ajudem em caso de necessidade (aquele 1 décimo de aproximação na nota final para passar na disciplina!) Consciente ou inconscientemente estes objetivos parecem ser reconhecidos por mim e por isso repito: metade de mim se envaidece e a outra metade sabe do que está acontecendo!
Já meus inimigos, não! Eles quase nunca me elogiam! Sempre procuram uma falha em mim, procuram um ponto fraco onde possam me vencer em seu modelos mentais perturbadores ou conflituosos! É por isso que devo muito a eles! Sem eles, minha existência seria uma "sêca", como se vivesse eternamente convivendo como uma mesma melodia unitônica! Não existiria evolução de personalidade, nem vitórias sobre os lados sombrios de minha psique!
Dizem que os inimigos são nossos espelhos! Creio que são mais que isso, são nossos melhores reflexos, aqueles cujas cores "saramaguianas" estão desbotadas dentro de nossos quadros psíquicos e que com o menor contacto com eles, tornam-se brilhantes e irradiantes, mostrando-nos o que devemos realmente enxergar em nós! Pena que nem sempre gostamos dessas cores, pois não combinam com as vestes de nossas máscaras, que insistem em nos enganar pois é conveniente aos nossos interesses!
... aprendi que devo agradecer aos meus inimigos, perdoá-los sempre, nem sempre entrar diretamente em contato, mas sempre procurar vislumbrar qual a cor que eles podem me mostrar naquele momento. Qual cor deve ter mais brilho? E quando não considerar mais ninguém meu inimigo, enfim terei alcançado a liberdade eterna, onde minhas próprias cores serão realçadas agora somente pela minha vontade! Acho que isso, afinal, é o "vazio" tão almejado pelos orientais...
Minha esposa, por exemplo, me elogia porque gosta de mim e quer me ver bem, mesmo que algumas vezes não consiga apreender o porquê daquele fato que motivou o elogio! Meus alunos me elogiam quase sempre porque precisam criar uma empatia que os ajudem em caso de necessidade (aquele 1 décimo de aproximação na nota final para passar na disciplina!) Consciente ou inconscientemente estes objetivos parecem ser reconhecidos por mim e por isso repito: metade de mim se envaidece e a outra metade sabe do que está acontecendo!
Já meus inimigos, não! Eles quase nunca me elogiam! Sempre procuram uma falha em mim, procuram um ponto fraco onde possam me vencer em seu modelos mentais perturbadores ou conflituosos! É por isso que devo muito a eles! Sem eles, minha existência seria uma "sêca", como se vivesse eternamente convivendo como uma mesma melodia unitônica! Não existiria evolução de personalidade, nem vitórias sobre os lados sombrios de minha psique!
Dizem que os inimigos são nossos espelhos! Creio que são mais que isso, são nossos melhores reflexos, aqueles cujas cores "saramaguianas" estão desbotadas dentro de nossos quadros psíquicos e que com o menor contacto com eles, tornam-se brilhantes e irradiantes, mostrando-nos o que devemos realmente enxergar em nós! Pena que nem sempre gostamos dessas cores, pois não combinam com as vestes de nossas máscaras, que insistem em nos enganar pois é conveniente aos nossos interesses!
... aprendi que devo agradecer aos meus inimigos, perdoá-los sempre, nem sempre entrar diretamente em contato, mas sempre procurar vislumbrar qual a cor que eles podem me mostrar naquele momento. Qual cor deve ter mais brilho? E quando não considerar mais ninguém meu inimigo, enfim terei alcançado a liberdade eterna, onde minhas próprias cores serão realçadas agora somente pela minha vontade! Acho que isso, afinal, é o "vazio" tão almejado pelos orientais...
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Use filtro solar
Sempre achei que bons conselhos deveriam ser dados para ajudar alguém que os pede... (também, àqueles que não os pedem!) Sentimo-nos bem, sentimo-nos importantes e com aquela sensação de que fizemos algo útil para nosso próximo!
Nunca achei que poderia fazer algum mal ao dar algum conselho! Imagine só, mal, ao dar um conselho!? Afinal, fazemos isso na maioria das vezes por achar que o outro deveria tomar outra atitude. Vemos um amigo passando por uma situação complicada, e nem temos tempo de ouvir a história toda, falamos logo a ele o que fazer! Há pessoas que são mais cautelosas em dar conselhos, começam sempre pelo plural: "Acho que deveríamos fazer isso e mais isso!" Como se incluindo ela mesma, pudesse parecer mais humilde aos olhos do seu interlocutor amigo!
O engraçado é que tem até pessoas que já fazem o que todos costumam falar: "se conselho fosse bom, venderíamos", e começam a lançar livros do tipo "Mil conselhos para educar o seu filho" ou mil conselhos para emagrecer com saúde", etc.
Mas há uma coisa que ninguém percebe quando aconselha: embutimos dentro dele um julgamento. É como se, mesmo em palavras mascaradas, julgássemos que aquela pessoa a nossa frente precisasse ouvir aquele conselho, pois lhe falta algo... e esse algo é justamente o alvo de nosso julgamente, pois "lhe falta algo que vemos" ou achamos que vemos!
Obviamente, existem conselhos e conselhos. Mas o fato é que se não conhecemos a alma de quem aconselhamos, corremos sempre o risco de julgá-lo e o pior: o que seria feito com o objetivo de ajudar, termina tendo o sentido oposto!
O engraçado é que nem sempre nos damos conta disso, e no alto de nossa experiência, ligamos nossa metralhadora de aconselhamentos e disparamos todo o tipo de conselhos que achamos necessários! O fato é que é difícil parar de aconselhar! Há sempre um estado de espírito em nós que se sente bem em aconselhar! Acho que só participando do CA (conselheiros anônimos) para nos livrarmos disso. Imaginem só:
- A pessoa que conduz a reunião: "alguém aqui quer falar sobre si?"
- Responde um anônimo: "Sim, eu passei 10 anos dando conselhos, mas hoje estou curado! Tenho 3 meses, sem dar um conselhor se quer"
- A pessoa que conduz a reunião, de novo: "Palmas para ele"
É verdade, acho que algumas vezes é viciante! Precisamos dar conselhos para tirar aquele vazio e nos sentirmos mais úteis à humanidade! Ao final, acho mesmo que o único conselho que deveríamos dar é o da Mary Schmich: "use filtro solar"!
Nunca achei que poderia fazer algum mal ao dar algum conselho! Imagine só, mal, ao dar um conselho!? Afinal, fazemos isso na maioria das vezes por achar que o outro deveria tomar outra atitude. Vemos um amigo passando por uma situação complicada, e nem temos tempo de ouvir a história toda, falamos logo a ele o que fazer! Há pessoas que são mais cautelosas em dar conselhos, começam sempre pelo plural: "Acho que deveríamos fazer isso e mais isso!" Como se incluindo ela mesma, pudesse parecer mais humilde aos olhos do seu interlocutor amigo!
O engraçado é que tem até pessoas que já fazem o que todos costumam falar: "se conselho fosse bom, venderíamos", e começam a lançar livros do tipo "Mil conselhos para educar o seu filho" ou mil conselhos para emagrecer com saúde", etc.
Mas há uma coisa que ninguém percebe quando aconselha: embutimos dentro dele um julgamento. É como se, mesmo em palavras mascaradas, julgássemos que aquela pessoa a nossa frente precisasse ouvir aquele conselho, pois lhe falta algo... e esse algo é justamente o alvo de nosso julgamente, pois "lhe falta algo que vemos" ou achamos que vemos!
Obviamente, existem conselhos e conselhos. Mas o fato é que se não conhecemos a alma de quem aconselhamos, corremos sempre o risco de julgá-lo e o pior: o que seria feito com o objetivo de ajudar, termina tendo o sentido oposto!
O engraçado é que nem sempre nos damos conta disso, e no alto de nossa experiência, ligamos nossa metralhadora de aconselhamentos e disparamos todo o tipo de conselhos que achamos necessários! O fato é que é difícil parar de aconselhar! Há sempre um estado de espírito em nós que se sente bem em aconselhar! Acho que só participando do CA (conselheiros anônimos) para nos livrarmos disso. Imaginem só:
- A pessoa que conduz a reunião: "alguém aqui quer falar sobre si?"
- Responde um anônimo: "Sim, eu passei 10 anos dando conselhos, mas hoje estou curado! Tenho 3 meses, sem dar um conselhor se quer"
- A pessoa que conduz a reunião, de novo: "Palmas para ele"
É verdade, acho que algumas vezes é viciante! Precisamos dar conselhos para tirar aquele vazio e nos sentirmos mais úteis à humanidade! Ao final, acho mesmo que o único conselho que deveríamos dar é o da Mary Schmich: "use filtro solar"!
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Idealizando o diferente
Estamos constantemente sendo bombardeados por informações. A cada dia, os jornais noticiam que um padrão novo deve ser seguido: uma hora deve se comer isso, outra não se pode comer aquilo! Parecemos bois conduzidos por um grande pastor.
Vivemos dia a dia numa enxurrada de novos modismos e tendências as quais, quando seguimos, nos faz parecer integrados com a massa de pessoas a nossa volta. Não seguir a massa é penoso demais! Temos que abrir mão de muitas coisas, dentre elas o nosso processo de individuação!
Ser diferente é incômodo! Não só para os outros, mas muito também para nós mesmos... Não me recordo de uma pessoa que tenha percebido isso que tenha tido uma vida tranquila... Terminaram sempre ou mortos pelos homens ou mortos por eles mesmos através de drogas ou bebida! O fato é que aquele que se diferencia da "massa" sempre paga um alto preço...
Não, esse ser diferenciado definitivamente não sou eu. Não faço parte do time dos diferenciados e conheço poucos que o são. Não preciso usar nem meia mão para contar. Para ser diferenciado é preciso compreender determinadas coisas que estão além daquilo que aparentamos ser. Ser diferenciado é quase um caminho para a loucura... é talvez entender que não precisamos agradar a ninguém concordando com cada ponto de vista... Por que afinal estamos vez por outra concordando por conveniência!
... e não é só isso! Cada vez mais somos menos sinceros! Mentimos a todo instante para contornar o que é penoso para a gente. Criamos jogos de convivência porque é penoso para as pessoas sermos sinceras umas com as outras! Como diz Oscal Wilde: "...para sermos populares é indispensável sermos medíocres!"
É incrível como numa conversa envolvendo muitas pessoas, a concordância da maioria pode abafar boas idéias! Temos vergonha de defender nossas idéias, porque argumentar é sinônimo de polêmica. Quem argumenta demais é polêmico! As pessoas "diplomáticas" concordam sempre, mesmo que discordem. Acho que de fato algumas são até inteligentes, pois sabem onde querem chegar com isso... Mas, sinceramente? A maioria faz isso por puro comodismo...
Parece que vivemos aquela sociedade pintada por Aldous Huxley em "Brave New World", há quase 80 anos atrás. Temos que parecer integrados, sermos iguais em cada casta social que vivemos. Quebrar paradigmas verdadeiramente não é a palavra de ordem! Enquanto isso, quem dita as regras do novos paradigmas é quem sae na frente e nos conduz, determinando a maneira de pensar da maioria!
O fato é que ser diferente é ser autêntico e dá trabalho, muito trabalho...
Vivemos dia a dia numa enxurrada de novos modismos e tendências as quais, quando seguimos, nos faz parecer integrados com a massa de pessoas a nossa volta. Não seguir a massa é penoso demais! Temos que abrir mão de muitas coisas, dentre elas o nosso processo de individuação!
Ser diferente é incômodo! Não só para os outros, mas muito também para nós mesmos... Não me recordo de uma pessoa que tenha percebido isso que tenha tido uma vida tranquila... Terminaram sempre ou mortos pelos homens ou mortos por eles mesmos através de drogas ou bebida! O fato é que aquele que se diferencia da "massa" sempre paga um alto preço...
Não, esse ser diferenciado definitivamente não sou eu. Não faço parte do time dos diferenciados e conheço poucos que o são. Não preciso usar nem meia mão para contar. Para ser diferenciado é preciso compreender determinadas coisas que estão além daquilo que aparentamos ser. Ser diferenciado é quase um caminho para a loucura... é talvez entender que não precisamos agradar a ninguém concordando com cada ponto de vista... Por que afinal estamos vez por outra concordando por conveniência!
... e não é só isso! Cada vez mais somos menos sinceros! Mentimos a todo instante para contornar o que é penoso para a gente. Criamos jogos de convivência porque é penoso para as pessoas sermos sinceras umas com as outras! Como diz Oscal Wilde: "...para sermos populares é indispensável sermos medíocres!"
É incrível como numa conversa envolvendo muitas pessoas, a concordância da maioria pode abafar boas idéias! Temos vergonha de defender nossas idéias, porque argumentar é sinônimo de polêmica. Quem argumenta demais é polêmico! As pessoas "diplomáticas" concordam sempre, mesmo que discordem. Acho que de fato algumas são até inteligentes, pois sabem onde querem chegar com isso... Mas, sinceramente? A maioria faz isso por puro comodismo...
Parece que vivemos aquela sociedade pintada por Aldous Huxley em "Brave New World", há quase 80 anos atrás. Temos que parecer integrados, sermos iguais em cada casta social que vivemos. Quebrar paradigmas verdadeiramente não é a palavra de ordem! Enquanto isso, quem dita as regras do novos paradigmas é quem sae na frente e nos conduz, determinando a maneira de pensar da maioria!
O fato é que ser diferente é ser autêntico e dá trabalho, muito trabalho...
domingo, 26 de outubro de 2008
Espelho, espelho meu...
Nada do que as pessoas me dizem é desinteressante para mim. A reação a cada palavra obviamente difere de acordo com meu estado de espírito ou o teor que percebo de cada frase, mas tudo me interessa...
Interessa principalmente porque pretendo um dia poder criar uma visão original e única do mundo ao meu redor, e isso deve ser pautado principalmente pelos sentimentos de raiva, compaixão, amor e tantos outros que passaram por minha alma quando ouvi determinados comentários ao meu respeito e a respeito de outras pessoas ou coisas. Esta visão deve ser tão abrangente que possa me permitir encontrar o vazio do "Go rin no sho" de Musashi ou o caminho do meio de Jung ou até mesmo conseguir entender os designios do meu "daemon" socrático!
Cada vez que reajo a um comentário ou uma atitude de uma pessoa à minha frente, conheço-me ainda mais, mas ainda é insuficiente! Insuficiente, pois ainda não encontrei a cola que une todas estas facetas que formam as reações da minha personalidade única e intransferível, como uma digital, que infelizmente não pode ser mostrada para outras pessoas sob pena dos mais estúpidos julgamentos ou as mais anímicas tentativas de compreensão de mim mesmo!
É por isso que o que cada um diz para mim é importante para eu compreender o que é verdade ou mentira na expressão do outro e compreender o que é verdade ou mentira em mim mesmo, como se eu só pudesse me apropriar de fato, através de um espelho, na reação que o outro tem de mim mesmo!
Enquanto eu não atingir meus arquétipos e mitos que comandam a minha vida, não deixarei de ter interesse no que os outros dizem, porque por mais estúpidas que sejam as palavras ou atitudes daqueles que me cercam, elas representam o que há de melhor para a solução das minhas representações externas! Depois disso, creio que estarei livre para pensar sem moletas!
Interessa principalmente porque pretendo um dia poder criar uma visão original e única do mundo ao meu redor, e isso deve ser pautado principalmente pelos sentimentos de raiva, compaixão, amor e tantos outros que passaram por minha alma quando ouvi determinados comentários ao meu respeito e a respeito de outras pessoas ou coisas. Esta visão deve ser tão abrangente que possa me permitir encontrar o vazio do "Go rin no sho" de Musashi ou o caminho do meio de Jung ou até mesmo conseguir entender os designios do meu "daemon" socrático!
Cada vez que reajo a um comentário ou uma atitude de uma pessoa à minha frente, conheço-me ainda mais, mas ainda é insuficiente! Insuficiente, pois ainda não encontrei a cola que une todas estas facetas que formam as reações da minha personalidade única e intransferível, como uma digital, que infelizmente não pode ser mostrada para outras pessoas sob pena dos mais estúpidos julgamentos ou as mais anímicas tentativas de compreensão de mim mesmo!
É por isso que o que cada um diz para mim é importante para eu compreender o que é verdade ou mentira na expressão do outro e compreender o que é verdade ou mentira em mim mesmo, como se eu só pudesse me apropriar de fato, através de um espelho, na reação que o outro tem de mim mesmo!
Enquanto eu não atingir meus arquétipos e mitos que comandam a minha vida, não deixarei de ter interesse no que os outros dizem, porque por mais estúpidas que sejam as palavras ou atitudes daqueles que me cercam, elas representam o que há de melhor para a solução das minhas representações externas! Depois disso, creio que estarei livre para pensar sem moletas!
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Um é vários e vários são um
No Aikido, aprendemos, desde cedo, que um é vários e vários são um! O que quer dizer isto? O ataque de vários quase sempre é coordenado por uma idéia fixa: acertar o alvo em sua frente. Não há estratégia, apenas acertar o oponente único! É a brutalidade da massa que está envolvido no ataque...
Já o contrário, acontece quando um pode se colocar em diversos lugares, evitando quaisquer ataques, sem temer ser ferido, apenas tentando seguir o princípio do vazio...
O princípio do "maai" é imprescindível no treinamento do iniciante. É preciso saber se posicionar corretamente. Depois, deve-se reter o princípio do "deai" que significa o tempo certo de se movimentar. Por fim, aprendemos o "zanchi", ou coordenar tudo!
Isto vale para tudo na vida e, é por isso, que demora tanto para se dominar o treinamento do aikido. Costuma-se dizer que só se começa a aprender realmente a arte, depois de se tornar "shodan".
Estes princípios são facilmente explicáveis na vida como no tatame...
Já o contrário, acontece quando um pode se colocar em diversos lugares, evitando quaisquer ataques, sem temer ser ferido, apenas tentando seguir o princípio do vazio...
O princípio do "maai" é imprescindível no treinamento do iniciante. É preciso saber se posicionar corretamente. Depois, deve-se reter o princípio do "deai" que significa o tempo certo de se movimentar. Por fim, aprendemos o "zanchi", ou coordenar tudo!
Isto vale para tudo na vida e, é por isso, que demora tanto para se dominar o treinamento do aikido. Costuma-se dizer que só se começa a aprender realmente a arte, depois de se tornar "shodan".
Estes princípios são facilmente explicáveis na vida como no tatame...
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Êxtase
A sensação de êxtase é única. Ao mesmo tempo em que sentimos uma leveza sem igual, há também uma angústia por não achar que seja merecedor desta sensação de outro mundo!
Já ouvi dizer uma vez: "a felicidade não é deste mundo!", e concordo com isto... Muitas são as vicissitudes que devemos passar para aprendermos a ser melhores! E isto nos impede de enxergar que o nosso sofrimento parte do nosso próprio orgulho e falta de auto-conhecimento...
Mas, a sensação de êxtase é única! Não sei quantas vezes experimentei esta plenitude, mas parece ser de "outro mundo". Nós ainda não estamos preparados para experimentar a felicidade plena ainda por aqui, mas uma "vezinha" parece nos dar o gosto do quanto podemos nos sentir melhor se evoluíssemos mais nossos sentimentos mais íntimos... Decididamente, temos que deixar de lado estas atitudes hipócritas de quem aponta os erros dos outros e se esquece de olhar os próprios.
Para Dionísio, êxtase é uma sensação de "inspiração e entusiasmo", acrescentaria "paz". Mas sei que é apenas um gostinho... Nossos sentidos humanos não nos permitem perpetuar ainda esta sensação...
Que pena!
Já ouvi dizer uma vez: "a felicidade não é deste mundo!", e concordo com isto... Muitas são as vicissitudes que devemos passar para aprendermos a ser melhores! E isto nos impede de enxergar que o nosso sofrimento parte do nosso próprio orgulho e falta de auto-conhecimento...
Mas, a sensação de êxtase é única! Não sei quantas vezes experimentei esta plenitude, mas parece ser de "outro mundo". Nós ainda não estamos preparados para experimentar a felicidade plena ainda por aqui, mas uma "vezinha" parece nos dar o gosto do quanto podemos nos sentir melhor se evoluíssemos mais nossos sentimentos mais íntimos... Decididamente, temos que deixar de lado estas atitudes hipócritas de quem aponta os erros dos outros e se esquece de olhar os próprios.
Para Dionísio, êxtase é uma sensação de "inspiração e entusiasmo", acrescentaria "paz". Mas sei que é apenas um gostinho... Nossos sentidos humanos não nos permitem perpetuar ainda esta sensação...
Que pena!
terça-feira, 21 de outubro de 2008
O não fazer sentido
Tudo na ciência tem que fazer sentido! Esperamos que isso ou aquilo tenha algum sentido e buscamos mesmo por isso.
Quando nos deparamos com um problema que não faz sentido ou aparentemente não nos leva a parte alguma, costumamos utilizar a palavra "estranho" e seguimos nosso caminho... Estranho é o que mais ouço de meus colegas quando algo "não faz sentido" para eles! Eu mesmo já usei muito esta palavra... Depois comecei a perceber que este é um ótimo recurso para escondermos nossa ignorância e comodismo para compreender o que está na nossa frente. Parei de usá-la! Agora, simplesmente, resolvi que não utilizo mais ela. Quando não compreendo algo, simplesmente perco o sono e vejo como é penoso e trabalhoso compreender seriamente algo novo!
Por mais que nos esforcemos para nos contentarmos com algum conhecimento de alguma coisa, parece que mais nos enganamos, pois ainda falta muito para compreender! Tenho descoberto que, por outro lado, a melhor forma de se sentir menos insatisfeito com algo é reconhecer que aquilo não faz sentido!
E realmente nada parece fazer sentido visto de muito perto! Porque para fazer sentido precisaríamos ser oniscientes e enxergar todas as relações de uma determinada questão antes, durante e depois que ela acontece. E isto é obviamente impossível! O fazer sentido, portanto, é algo que utilizamos para parar de pensar sobre uma determinada questão; é o ser "estranho" que carimbamos e nos voltamos para outras questões que mais nos interessam, porque caso contrário poderíamos entrar numa reflexão sem fim e perder o sono!
O não fazer sentido é necessário e a medida de até onde devemos utilizá-lo para parar de refletir é diretamente proporcional a nossa força mental e inversamente proporcional ao nosso grau de auto-engano! Sendo totalmente sinceros, a busca por uma resposta coerente não terminaria nunca, pois a satisfação de obter uma resposta seria sempre frustrada à medida que visualizássemos outro ângulo da questão!
O não fazer sentido, portanto, pode ser apenas um começo para uma reflexão maior ou uma dica para seguirmos outro caminho ou, até mesmo, quando somos mais comodistas, uma forma de pararmos de pensar sobre um problema. Em quaisquer um dos casos, o que determina a nossa parada é o grau de sinceridade para com nós próprios!
Faz sentido?
Quando nos deparamos com um problema que não faz sentido ou aparentemente não nos leva a parte alguma, costumamos utilizar a palavra "estranho" e seguimos nosso caminho... Estranho é o que mais ouço de meus colegas quando algo "não faz sentido" para eles! Eu mesmo já usei muito esta palavra... Depois comecei a perceber que este é um ótimo recurso para escondermos nossa ignorância e comodismo para compreender o que está na nossa frente. Parei de usá-la! Agora, simplesmente, resolvi que não utilizo mais ela. Quando não compreendo algo, simplesmente perco o sono e vejo como é penoso e trabalhoso compreender seriamente algo novo!
Por mais que nos esforcemos para nos contentarmos com algum conhecimento de alguma coisa, parece que mais nos enganamos, pois ainda falta muito para compreender! Tenho descoberto que, por outro lado, a melhor forma de se sentir menos insatisfeito com algo é reconhecer que aquilo não faz sentido!
E realmente nada parece fazer sentido visto de muito perto! Porque para fazer sentido precisaríamos ser oniscientes e enxergar todas as relações de uma determinada questão antes, durante e depois que ela acontece. E isto é obviamente impossível! O fazer sentido, portanto, é algo que utilizamos para parar de pensar sobre uma determinada questão; é o ser "estranho" que carimbamos e nos voltamos para outras questões que mais nos interessam, porque caso contrário poderíamos entrar numa reflexão sem fim e perder o sono!
O não fazer sentido é necessário e a medida de até onde devemos utilizá-lo para parar de refletir é diretamente proporcional a nossa força mental e inversamente proporcional ao nosso grau de auto-engano! Sendo totalmente sinceros, a busca por uma resposta coerente não terminaria nunca, pois a satisfação de obter uma resposta seria sempre frustrada à medida que visualizássemos outro ângulo da questão!
O não fazer sentido, portanto, pode ser apenas um começo para uma reflexão maior ou uma dica para seguirmos outro caminho ou, até mesmo, quando somos mais comodistas, uma forma de pararmos de pensar sobre um problema. Em quaisquer um dos casos, o que determina a nossa parada é o grau de sinceridade para com nós próprios!
Faz sentido?
domingo, 19 de outubro de 2008
Blindness
Hoje estive conversando sobre o livro de Saramago, "Ensaios sobre a Cegueira", que li há dois anos atrás. O filme já foi lançado e estou louco para assistí-lo!
Nunca me senti tão incomodado por um livro como aquele! A cada página, via a mensagem do humanamente concebível: a maldade! Fruto da nossa eterna ignorância, consegue competir com nossa estupidez por um lugar no mundo. Possuimos a "cegueira leitosa" sugerida por Saramago, que nos impede de ver a luz que está em nossa frente! Sofremos por nossa própria falta de visão... Não conseguimos ver o que há em nós e vemos o que há em nosso próximo...
Penso então o que realmente ignoramos em nós mesmos e no mundo que nos faz tomar atitudes diárias dirigidas a tirarmos sempre proveito de alguma situação quando nos é possível (e às vezes quando não é, também). E o pior: esta maldade é tão contagiosa que em um meio onde é "culturalmente aceita" nos leva a justificar nossas pequenas decisões cegas! É peneso para nós termos que tomar cicuta por atitudes socráticas...
Até mesmo as palavras muitas vezes nos pregam peças e enganamo-nos a nós mesmos, tentando encontrar justificativas fracassadas para a perpetuação de nossa cegueira! Quando sairemos dessa "consciência com sono" ou, muitas vezes, inconsciência total, não faço idéia; imagino que seja apenas quando provavelmente deverá formos totalmente sinceros com nós mesmos, sem mais uma mentira ou subterfúgio. Aquele dia em que nos sentirmos totalmente livres para não mais nos enganarmos e usarmos máscaras para parecermos melhor do que realmente somos. Neste dia, pareceremos realmente pessoas dignas!
Nunca me senti tão incomodado por um livro como aquele! A cada página, via a mensagem do humanamente concebível: a maldade! Fruto da nossa eterna ignorância, consegue competir com nossa estupidez por um lugar no mundo. Possuimos a "cegueira leitosa" sugerida por Saramago, que nos impede de ver a luz que está em nossa frente! Sofremos por nossa própria falta de visão... Não conseguimos ver o que há em nós e vemos o que há em nosso próximo...
Penso então o que realmente ignoramos em nós mesmos e no mundo que nos faz tomar atitudes diárias dirigidas a tirarmos sempre proveito de alguma situação quando nos é possível (e às vezes quando não é, também). E o pior: esta maldade é tão contagiosa que em um meio onde é "culturalmente aceita" nos leva a justificar nossas pequenas decisões cegas! É peneso para nós termos que tomar cicuta por atitudes socráticas...
Até mesmo as palavras muitas vezes nos pregam peças e enganamo-nos a nós mesmos, tentando encontrar justificativas fracassadas para a perpetuação de nossa cegueira! Quando sairemos dessa "consciência com sono" ou, muitas vezes, inconsciência total, não faço idéia; imagino que seja apenas quando provavelmente deverá formos totalmente sinceros com nós mesmos, sem mais uma mentira ou subterfúgio. Aquele dia em que nos sentirmos totalmente livres para não mais nos enganarmos e usarmos máscaras para parecermos melhor do que realmente somos. Neste dia, pareceremos realmente pessoas dignas!
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Paixão e genialidade
Acabei de assistir a uma palestra sobre Mozart! Rapaz interessante, este Amadeus Mozart. Conseguia compor ao realizar tarefas banais, como andar de carruagem ou ensinar piano. Parecia que seu gênio criativo estava em constante ebulição! Viveu apenas 38 anos para fazer história...
Será que se vivesse nos dias atuais, seria assim também? É certo que viveria mais, pois poderia frequentar academia, comer comidas mais selecionadas e até dispor de medicina mais especializada... Ai fico pensando: será que a genialidade iria aflorar? Ainda mais se tivesse internet em casa, quase certo que não poderia colocar suas músicas em seu site pois os direitos autorais seriam violados! E se o próprio Requiem dizem que foi roubado pelo seu arqui rival, imagina o que aconteceria na internet... Nem saberíamos quem seria o Amadeus!
Definitivamente, não. Ele não seria um gênio! Estaria demais envolvido em distrações, e não haveria a atmosfera apaixonante da época - o que falta em nosso tempo! As pessoas só se apaixonam pelas próprias projeções delas mesmas em seus amantes. Paixão por um ideal ou pensamento, em nossos dias, parece ser coisa rara e quase sempre dura o tempo suficiente para se ganhar dinheiro com uma idéia. Acho que o gênio apaixonante e apaixonado de Mozart, Beethoven, Shubert teve uma época e lugares certos! Hoje, não há espaço para essas coisas...
Vivemos numa era dos descartáveis! Numa época que tudo é manipulado, desde os transgênicos até os "realities show" das TVs. Tudo dura o tempo suficiente para estar na moda!
Acho que a condição de gênio é mais que ser meramente muito inteligente em uma determinada área, é estar de certa forma consciente da sua paixão e o que ela causa para a humanidade... Longe de mim pensar que sou um gênio, sou consciente demais dos meus erros para isso! A genialidade definitivamente não é privilégio de uma criança que com 3 anos decora todos os livros pela frente ou consegue memorizar a tabuada até 9834 vezes 13807! A genialidade tem que expressar algo mais, uma verdade quase absoluta na cabeça do gênio e que ninguém sabe explicar ou fazer igual, mas sabe que é melodia para os ouvidos, fulgor para os olhos e originalidade para as mentes! Tem que ter paixão... Aquele acreditar naquela verdade mais profunda de sua mente, e que vai além da mediocridade do dia-a-dia! Jung já dizia que se fosse expressar tudo que lhe ia na cabeça, quantas asneiras sairiam... É uma pena que hoje em dia só conseguimos enxergar o banal, o imediato.
Até culturalmente, as sociedades mundiais têm se igualado em meros sacos plásticos, onde mudam-se os nomes, mas a essência é a mesma: falta de paixão!
Será que se vivesse nos dias atuais, seria assim também? É certo que viveria mais, pois poderia frequentar academia, comer comidas mais selecionadas e até dispor de medicina mais especializada... Ai fico pensando: será que a genialidade iria aflorar? Ainda mais se tivesse internet em casa, quase certo que não poderia colocar suas músicas em seu site pois os direitos autorais seriam violados! E se o próprio Requiem dizem que foi roubado pelo seu arqui rival, imagina o que aconteceria na internet... Nem saberíamos quem seria o Amadeus!
Definitivamente, não. Ele não seria um gênio! Estaria demais envolvido em distrações, e não haveria a atmosfera apaixonante da época - o que falta em nosso tempo! As pessoas só se apaixonam pelas próprias projeções delas mesmas em seus amantes. Paixão por um ideal ou pensamento, em nossos dias, parece ser coisa rara e quase sempre dura o tempo suficiente para se ganhar dinheiro com uma idéia. Acho que o gênio apaixonante e apaixonado de Mozart, Beethoven, Shubert teve uma época e lugares certos! Hoje, não há espaço para essas coisas...
Vivemos numa era dos descartáveis! Numa época que tudo é manipulado, desde os transgênicos até os "realities show" das TVs. Tudo dura o tempo suficiente para estar na moda!
Acho que a condição de gênio é mais que ser meramente muito inteligente em uma determinada área, é estar de certa forma consciente da sua paixão e o que ela causa para a humanidade... Longe de mim pensar que sou um gênio, sou consciente demais dos meus erros para isso! A genialidade definitivamente não é privilégio de uma criança que com 3 anos decora todos os livros pela frente ou consegue memorizar a tabuada até 9834 vezes 13807! A genialidade tem que expressar algo mais, uma verdade quase absoluta na cabeça do gênio e que ninguém sabe explicar ou fazer igual, mas sabe que é melodia para os ouvidos, fulgor para os olhos e originalidade para as mentes! Tem que ter paixão... Aquele acreditar naquela verdade mais profunda de sua mente, e que vai além da mediocridade do dia-a-dia! Jung já dizia que se fosse expressar tudo que lhe ia na cabeça, quantas asneiras sairiam... É uma pena que hoje em dia só conseguimos enxergar o banal, o imediato.
Até culturalmente, as sociedades mundiais têm se igualado em meros sacos plásticos, onde mudam-se os nomes, mas a essência é a mesma: falta de paixão!
domingo, 12 de outubro de 2008
Ensaios sobre o poder
Onde há uma organização de pessoas é quase certo que a dinâmica do poder exista! Família, associação cultural, instituição religiosa, Estado são apenas alguns exemplos disso...
Mas por que, hoje em dia, conseguimos falar de sexo, mas é tão difícil definir o que é poder? Por que vivemos em uma época em que todo mundo já ouviu falar de Freud, mas quase ninguém sabe quem é Adler? Jung dizia que Freud escrevia sobre sexo, pois tinha o poder e Adler escrevia sobre o poder, porque queria tê-lo! Temo discordar desta afirmação!
Vejamos uma situação simples que é bastante corriqueiro: o poder do boato! Quantos casos podemos enumerar sobre pessoas que perderam tudo por uma simples mentira? Um exemplo foi aquele senhor que possuia uma escola primária há anos e de repente por uma simples rivalidade com um dos pais, foi inventado que ele era um estuprador (com direito a depoimentos de crianças e tudo o mais) e pum! Uma vida dedicada a educação foi por água abaixo. Anos mais tarde, provou-se a completa inocência do sujeito! Foi o poder da palavra que permeia no espírito coletivo incauto dos nossos contemporâneos. que primeiro acredita no boato depois vai verificar. Atualmente, os boatos começam a ser tão bem feitos que tem até site especializado em desmacá-los (http://www.ceticismoaberto.com - principalmente, numa época, em que o poder da informação é confundido com sabedoria).
Mas, prossigamos! O filho chora porque quer um novo modelo de console de jogos e o pai, já cansado, de ouvir aquele choro, compra para se livrar! Mas o que isso tem a ver com o poder? O pai exerceu poder sobre o filho por que o fez calar, certo? Errado: o filho é que exerceu o poder sobre o pai, por que sabe que a insistência pode levar a conquista! E, hoje em dia, quase sempre isso surte efeito!
Vejamos outro exemplo sobre a troca de favores! Um sujeito conhecendo suas limitações resolve conquistar as pessoas as quais ele considera úteis para ele! E sem dizer nada, é muito solícito para com todos com aqueles que tem interesse! Olha ai a dinâmica do poder se realizando: os que se sentem devedores passam a serem dominados pela culpa de não retribuir, porque parece que inconscientemente as pessoas precisam de aprovação social, ou seja, não retribue, não é aceito. O mal não está, obviamente, na troca de favores, mas no que é pedido em troca, ou melhor, no caráter moral do que é pedido em troca (e aqui reside talvez milhares de nuances a respeito). Esta é a verdadeira força dos meios políticos e congregações que se afinam para o poder partidário (seja ela onde for)!
A grande questão na dinâmica do poder não é o fato do diabo aparecer com chifre e tridentes. Quase sempre ele aparece como uma mulher deliciosa, com curvas de Juliana Paes e rosto de Michelle Pfifer. E é por isso que conseguimos falar sobre sexo (e não sober poder): porque com a ajuda do nosso quarto poder contemporâneo (a internet e todos os meios sociais de comunicação que as usam) conseguimos definir exteriormente (aparentemente) o que é mal e bom! Com o poder, não! Ele sempre vem disfarçado de trapaças pessoais das quais nos convencemos que não há problema moral e ético envolvido!
É na subliminaridade das relações que mora a grande questão do poder. Perceber essas relações, em contrapartida, nos faz parecer neuróticos, esquisóides ou paranóides. Creio que enquanto não nos defrontarmos com nossos próprios demônios, nunca chegaremos verdadeiramente a compreender a frase "amar ao próximo com a si mesmo". Pois, talvez, seja compreendendo o que está por trás de nossas próprias intenções é que possamos colocar em prática o que a frase nos pede. Ao tentarmos manipular o próximo para dar vazão aos nossos jogos de poder, apenas estamos lançando ainda mais os nossos temores para o nosso incosciente: a partir dai, começamos a chamar ansiedade de "falta de ar", vontade de controlar as pessoas de "gastrite" e falta de amor de "câncer".
O amor talvez seja a única solução para pouco a pouco diminuirmos o que os jogos de poder têm nos causado, porém se não deparamos definitivamente com nossos demônios, eles sempre andarão atrás de nós, fantasiados não somente de doenças, mas também usando máscaras (de bondade, camaradagem, vítima, etc) para que as outras pessoas não os percebam.
Mas por que, hoje em dia, conseguimos falar de sexo, mas é tão difícil definir o que é poder? Por que vivemos em uma época em que todo mundo já ouviu falar de Freud, mas quase ninguém sabe quem é Adler? Jung dizia que Freud escrevia sobre sexo, pois tinha o poder e Adler escrevia sobre o poder, porque queria tê-lo! Temo discordar desta afirmação!
Vejamos uma situação simples que é bastante corriqueiro: o poder do boato! Quantos casos podemos enumerar sobre pessoas que perderam tudo por uma simples mentira? Um exemplo foi aquele senhor que possuia uma escola primária há anos e de repente por uma simples rivalidade com um dos pais, foi inventado que ele era um estuprador (com direito a depoimentos de crianças e tudo o mais) e pum! Uma vida dedicada a educação foi por água abaixo. Anos mais tarde, provou-se a completa inocência do sujeito! Foi o poder da palavra que permeia no espírito coletivo incauto dos nossos contemporâneos. que primeiro acredita no boato depois vai verificar. Atualmente, os boatos começam a ser tão bem feitos que tem até site especializado em desmacá-los (http://www.ceticismoaberto.com - principalmente, numa época, em que o poder da informação é confundido com sabedoria).
Mas, prossigamos! O filho chora porque quer um novo modelo de console de jogos e o pai, já cansado, de ouvir aquele choro, compra para se livrar! Mas o que isso tem a ver com o poder? O pai exerceu poder sobre o filho por que o fez calar, certo? Errado: o filho é que exerceu o poder sobre o pai, por que sabe que a insistência pode levar a conquista! E, hoje em dia, quase sempre isso surte efeito!
Vejamos outro exemplo sobre a troca de favores! Um sujeito conhecendo suas limitações resolve conquistar as pessoas as quais ele considera úteis para ele! E sem dizer nada, é muito solícito para com todos com aqueles que tem interesse! Olha ai a dinâmica do poder se realizando: os que se sentem devedores passam a serem dominados pela culpa de não retribuir, porque parece que inconscientemente as pessoas precisam de aprovação social, ou seja, não retribue, não é aceito. O mal não está, obviamente, na troca de favores, mas no que é pedido em troca, ou melhor, no caráter moral do que é pedido em troca (e aqui reside talvez milhares de nuances a respeito). Esta é a verdadeira força dos meios políticos e congregações que se afinam para o poder partidário (seja ela onde for)!
A grande questão na dinâmica do poder não é o fato do diabo aparecer com chifre e tridentes. Quase sempre ele aparece como uma mulher deliciosa, com curvas de Juliana Paes e rosto de Michelle Pfifer. E é por isso que conseguimos falar sobre sexo (e não sober poder): porque com a ajuda do nosso quarto poder contemporâneo (a internet e todos os meios sociais de comunicação que as usam) conseguimos definir exteriormente (aparentemente) o que é mal e bom! Com o poder, não! Ele sempre vem disfarçado de trapaças pessoais das quais nos convencemos que não há problema moral e ético envolvido!
É na subliminaridade das relações que mora a grande questão do poder. Perceber essas relações, em contrapartida, nos faz parecer neuróticos, esquisóides ou paranóides. Creio que enquanto não nos defrontarmos com nossos próprios demônios, nunca chegaremos verdadeiramente a compreender a frase "amar ao próximo com a si mesmo". Pois, talvez, seja compreendendo o que está por trás de nossas próprias intenções é que possamos colocar em prática o que a frase nos pede. Ao tentarmos manipular o próximo para dar vazão aos nossos jogos de poder, apenas estamos lançando ainda mais os nossos temores para o nosso incosciente: a partir dai, começamos a chamar ansiedade de "falta de ar", vontade de controlar as pessoas de "gastrite" e falta de amor de "câncer".
O amor talvez seja a única solução para pouco a pouco diminuirmos o que os jogos de poder têm nos causado, porém se não deparamos definitivamente com nossos demônios, eles sempre andarão atrás de nós, fantasiados não somente de doenças, mas também usando máscaras (de bondade, camaradagem, vítima, etc) para que as outras pessoas não os percebam.
O indivíduo e a sociedade
Quando tinha 16 anos, comecei a comprar nas bancas a série "Os Pensadores". O primeiro pensador da série era o psicólogo Carl Gustav Jung. Nesta biografia inicial, uma idéia expressa por Jung me chamou muita atenção: "o indivíduo possui duas personalidades: uma individual e outra coletiva!".
Senti uma sensação estranha com esta frase: parecia que fazia sentido para mim, mas não conseguia expressar uma conclusão absoluta ou, nem mesmo, relativa sobre o seu significado maior. Resolvi investigar... Fui a biblioteca de um curso de alemão, inscrevi-me e resolvi pegar todos os livros de Jung possíveis.
Quase 20 anos depois, um monte de experiências e uns 10 livros deste autor, entendo melhor o que ele quis dizer... Parece claro que o homem possui uma personalidade coletiva. Quem nunca participou de um evento com muita gente? Parece que nos transformamos. Quando se é um adolescente, por exemplo, ir a um jogo de futebol em que seu time participa, isto parece mais claro: gritamos, choramos, brigamos... Como se aquilo fizesse parte da gente... como se, ao perder, ou ganhar, nós próprios perdemos ou ganhamos, também! Aquele torcedor parece encetar uma faceta da gente que não condiz com aquele outro ser sozinho em seu quarto!
E quando estamos no colégio? Garotas, amigos! Começamos a namorar. Parece estranho, termos uma atitude com uma namorada, diferente de quando estamos com os amigos. Com elas, precisamos parecer mais maduros, com eles precisamos é parecer engraçados!
Lembro-me de um programa que passava na tv: "Anos Incríveis". Era a história de Kevin Arnold e suas experiências. Esta série foi apresentada por mais de 10 anos com o mesmo ator e podíamos ver o Kevin desde os seus 10 anos até o seu casamento e filhos! O incrível desta série foi o auto descobrimento do Kevin. A cada experiência, Kevin se deparava com a sua individualidade e sua personalidade coletiva, a qual ele só se questionava ao final de cada episódio.
É óbvio que Jung vai muito além disso tudo. Quando afirmava que o homem tinha uma personalidade coletiva, referia-se a arquétipos, mitos coletivos e muito mais. Isto foge aqui explicar. Não sou psicólogo, apenas um aprendiz de observador do mundo à minha volta (com meus viezes e preconceitos)... Porém, o que mais me intrigava, era: como uma pessoa poderia ser coletivamente tão diferente do que quando estava sozinho? Por que apresentamos esta dissonância tão grande em nosso ser? E na maioria das vezes nem nos damos conta disso...
Quando começamos a amadurecer, isso parece que se torna especialmente crítico! As mentiras brancas que os adolescentes usavam para se livrar de problemas com os pais, parecem se transformar em mentirar um pouco mais pardas... E manter isso é importante para a sociedade. Vejamos, por exemplo, aquele programa: "O Momento da Verdade" (ou The Moment of Truth, nos EUA). Ganhar dinheiro sendo verdadeiros, especialmente muito dinheiro, parece o verdadeiro objetivo do jogo... Às perguntas mais picantes, ouvimos o auditório vaiar ou aquele longo e profundo som: "oh". Como se nos regojizássemos daquilo que foi dito e nunca tivéssemos passado por tal situação. A verdade é que as peguntas são baseadas em situações coletivas. E mesmo antes da era da informação (sim, aquela época em que nossos pais diziam: "isso não acontecia em meu tempo"), podíamos observar situações como traições, roubos, trapaças e muitas coisitas mais. "Atire a primeira pedra quem nunca pecou!"
Pois é, Sócrates foi condenado à morte por dizer a verdade! Será que não seríamos também!? O fato é parece que não dizemos a verdade porque não queremos. Não dizemos a verdade porque não estávamos conscientes dos nossos atos quando fomos assomados por nossa espírito coletivo... Como justificar a nossa eterna estupidez e insensatez? Se ao menos tivéssemos uma idéia que norteasse nossos atos no momento em que "pecamos", seria mais fácil! E tem sempre a nossa querida instituição religiosa para lembrar que somos pecadores! Seja lá o que tenhamos feito, somos pecadores! Ela só esquece de dizer que o pior dos pecados mora no íntimo de cada um e não fora! "O fato de fazermos sacrifícios para fazer o bem ou o mal não altera em nada o valor definitivo dos nossos atos", diz Nietzsche.
Quando o ser humano se tornar mais consciente de que "já aprendemos a falar sobre sexo, o problema agora é falar sobre poder!", como dizia um velho amigo psicólogo, encontraríamos nossa paz! De qualquer forma, isto é um assunto para outro post!
Senti uma sensação estranha com esta frase: parecia que fazia sentido para mim, mas não conseguia expressar uma conclusão absoluta ou, nem mesmo, relativa sobre o seu significado maior. Resolvi investigar... Fui a biblioteca de um curso de alemão, inscrevi-me e resolvi pegar todos os livros de Jung possíveis.
Quase 20 anos depois, um monte de experiências e uns 10 livros deste autor, entendo melhor o que ele quis dizer... Parece claro que o homem possui uma personalidade coletiva. Quem nunca participou de um evento com muita gente? Parece que nos transformamos. Quando se é um adolescente, por exemplo, ir a um jogo de futebol em que seu time participa, isto parece mais claro: gritamos, choramos, brigamos... Como se aquilo fizesse parte da gente... como se, ao perder, ou ganhar, nós próprios perdemos ou ganhamos, também! Aquele torcedor parece encetar uma faceta da gente que não condiz com aquele outro ser sozinho em seu quarto!
E quando estamos no colégio? Garotas, amigos! Começamos a namorar. Parece estranho, termos uma atitude com uma namorada, diferente de quando estamos com os amigos. Com elas, precisamos parecer mais maduros, com eles precisamos é parecer engraçados!
Lembro-me de um programa que passava na tv: "Anos Incríveis". Era a história de Kevin Arnold e suas experiências. Esta série foi apresentada por mais de 10 anos com o mesmo ator e podíamos ver o Kevin desde os seus 10 anos até o seu casamento e filhos! O incrível desta série foi o auto descobrimento do Kevin. A cada experiência, Kevin se deparava com a sua individualidade e sua personalidade coletiva, a qual ele só se questionava ao final de cada episódio.
É óbvio que Jung vai muito além disso tudo. Quando afirmava que o homem tinha uma personalidade coletiva, referia-se a arquétipos, mitos coletivos e muito mais. Isto foge aqui explicar. Não sou psicólogo, apenas um aprendiz de observador do mundo à minha volta (com meus viezes e preconceitos)... Porém, o que mais me intrigava, era: como uma pessoa poderia ser coletivamente tão diferente do que quando estava sozinho? Por que apresentamos esta dissonância tão grande em nosso ser? E na maioria das vezes nem nos damos conta disso...
Quando começamos a amadurecer, isso parece que se torna especialmente crítico! As mentiras brancas que os adolescentes usavam para se livrar de problemas com os pais, parecem se transformar em mentirar um pouco mais pardas... E manter isso é importante para a sociedade. Vejamos, por exemplo, aquele programa: "O Momento da Verdade" (ou The Moment of Truth, nos EUA). Ganhar dinheiro sendo verdadeiros, especialmente muito dinheiro, parece o verdadeiro objetivo do jogo... Às perguntas mais picantes, ouvimos o auditório vaiar ou aquele longo e profundo som: "oh". Como se nos regojizássemos daquilo que foi dito e nunca tivéssemos passado por tal situação. A verdade é que as peguntas são baseadas em situações coletivas. E mesmo antes da era da informação (sim, aquela época em que nossos pais diziam: "isso não acontecia em meu tempo"), podíamos observar situações como traições, roubos, trapaças e muitas coisitas mais. "Atire a primeira pedra quem nunca pecou!"
Pois é, Sócrates foi condenado à morte por dizer a verdade! Será que não seríamos também!? O fato é parece que não dizemos a verdade porque não queremos. Não dizemos a verdade porque não estávamos conscientes dos nossos atos quando fomos assomados por nossa espírito coletivo... Como justificar a nossa eterna estupidez e insensatez? Se ao menos tivéssemos uma idéia que norteasse nossos atos no momento em que "pecamos", seria mais fácil! E tem sempre a nossa querida instituição religiosa para lembrar que somos pecadores! Seja lá o que tenhamos feito, somos pecadores! Ela só esquece de dizer que o pior dos pecados mora no íntimo de cada um e não fora! "O fato de fazermos sacrifícios para fazer o bem ou o mal não altera em nada o valor definitivo dos nossos atos", diz Nietzsche.
Quando o ser humano se tornar mais consciente de que "já aprendemos a falar sobre sexo, o problema agora é falar sobre poder!", como dizia um velho amigo psicólogo, encontraríamos nossa paz! De qualquer forma, isto é um assunto para outro post!
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