Quando me elogiam, metade de mim é vaidade, outra metade é consciência! Elogiar-me não deixa de ser um ato prazeroso no momento que se inícia um elogio, porém parece se transformar em algo inútil em seguida, quando percebo que muitas vezes (acho que 99.9999% das vezes) este elogio tem outra finalidade!
Minha esposa, por exemplo, me elogia porque gosta de mim e quer me ver bem, mesmo que algumas vezes não consiga apreender o porquê daquele fato que motivou o elogio! Meus alunos me elogiam quase sempre porque precisam criar uma empatia que os ajudem em caso de necessidade (aquele 1 décimo de aproximação na nota final para passar na disciplina!) Consciente ou inconscientemente estes objetivos parecem ser reconhecidos por mim e por isso repito: metade de mim se envaidece e a outra metade sabe do que está acontecendo!
Já meus inimigos, não! Eles quase nunca me elogiam! Sempre procuram uma falha em mim, procuram um ponto fraco onde possam me vencer em seu modelos mentais perturbadores ou conflituosos! É por isso que devo muito a eles! Sem eles, minha existência seria uma "sêca", como se vivesse eternamente convivendo como uma mesma melodia unitônica! Não existiria evolução de personalidade, nem vitórias sobre os lados sombrios de minha psique!
Dizem que os inimigos são nossos espelhos! Creio que são mais que isso, são nossos melhores reflexos, aqueles cujas cores "saramaguianas" estão desbotadas dentro de nossos quadros psíquicos e que com o menor contacto com eles, tornam-se brilhantes e irradiantes, mostrando-nos o que devemos realmente enxergar em nós! Pena que nem sempre gostamos dessas cores, pois não combinam com as vestes de nossas máscaras, que insistem em nos enganar pois é conveniente aos nossos interesses!
... aprendi que devo agradecer aos meus inimigos, perdoá-los sempre, nem sempre entrar diretamente em contato, mas sempre procurar vislumbrar qual a cor que eles podem me mostrar naquele momento. Qual cor deve ter mais brilho? E quando não considerar mais ninguém meu inimigo, enfim terei alcançado a liberdade eterna, onde minhas próprias cores serão realçadas agora somente pela minha vontade! Acho que isso, afinal, é o "vazio" tão almejado pelos orientais...
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