Sempre achei que bons conselhos deveriam ser dados para ajudar alguém que os pede... (também, àqueles que não os pedem!) Sentimo-nos bem, sentimo-nos importantes e com aquela sensação de que fizemos algo útil para nosso próximo!
Nunca achei que poderia fazer algum mal ao dar algum conselho! Imagine só, mal, ao dar um conselho!? Afinal, fazemos isso na maioria das vezes por achar que o outro deveria tomar outra atitude. Vemos um amigo passando por uma situação complicada, e nem temos tempo de ouvir a história toda, falamos logo a ele o que fazer! Há pessoas que são mais cautelosas em dar conselhos, começam sempre pelo plural: "Acho que deveríamos fazer isso e mais isso!" Como se incluindo ela mesma, pudesse parecer mais humilde aos olhos do seu interlocutor amigo!
O engraçado é que tem até pessoas que já fazem o que todos costumam falar: "se conselho fosse bom, venderíamos", e começam a lançar livros do tipo "Mil conselhos para educar o seu filho" ou mil conselhos para emagrecer com saúde", etc.
Mas há uma coisa que ninguém percebe quando aconselha: embutimos dentro dele um julgamento. É como se, mesmo em palavras mascaradas, julgássemos que aquela pessoa a nossa frente precisasse ouvir aquele conselho, pois lhe falta algo... e esse algo é justamente o alvo de nosso julgamente, pois "lhe falta algo que vemos" ou achamos que vemos!
Obviamente, existem conselhos e conselhos. Mas o fato é que se não conhecemos a alma de quem aconselhamos, corremos sempre o risco de julgá-lo e o pior: o que seria feito com o objetivo de ajudar, termina tendo o sentido oposto!
O engraçado é que nem sempre nos damos conta disso, e no alto de nossa experiência, ligamos nossa metralhadora de aconselhamentos e disparamos todo o tipo de conselhos que achamos necessários! O fato é que é difícil parar de aconselhar! Há sempre um estado de espírito em nós que se sente bem em aconselhar! Acho que só participando do CA (conselheiros anônimos) para nos livrarmos disso. Imaginem só:
- A pessoa que conduz a reunião: "alguém aqui quer falar sobre si?"
- Responde um anônimo: "Sim, eu passei 10 anos dando conselhos, mas hoje estou curado! Tenho 3 meses, sem dar um conselhor se quer"
- A pessoa que conduz a reunião, de novo: "Palmas para ele"
É verdade, acho que algumas vezes é viciante! Precisamos dar conselhos para tirar aquele vazio e nos sentirmos mais úteis à humanidade! Ao final, acho mesmo que o único conselho que deveríamos dar é o da Mary Schmich: "use filtro solar"!
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