quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Supermercado das emoções

Rótulos servem comumente para estamparem características e nomes de produtos. Todo produto tem um rótulo, pois se assim não o fosse, algumas coisas seriam difíceis de caracterizar, como por exemplo, aspargos. Imagine se toda embalagem de aspargos viesse sem um rótulo, creio que ninguém compraria isso! Visualmente, aspargos são totalmente sem graça, meio esbranquiçado, meio esverdeado, parecem lembrar uma mini cana-de-açúcar meio verde, meio branca.

Enfim, rótulos são necessários! Acho que partiu dai a necessidade do ser humano de rotular tudo: louras são burras, homens são canalhas (quando se tratam de mulheres), fulano é isso, sicrano é aquilo! O bom do rótulo é que depois que o usamos, não precisamos mais pensar sobre aquilo: o produto está caracterizado. Não precisamos ter muito trabalho para definir que um aspargo é mesmo um aspargo, pois alguém já rotulou aquilo de um aspargo!

Rotular é uma coisa que até nos ajuda quando nos falta palavras: "isso é muito esquisito". Tudo que é "esquisito" parece algo extra-terrestre, mas enfim teimamos em utilizar esta palavra pois é mais conveniente. Quando encerramos um determinado pensamento, estampamos um rótulo, pois aquela coisa parece ter uma "cara" pra gente... E prosseguimos com nossas experiências. Mais adiante, vemos algo mais ou menos parecido com algum rótulo do passado e buscamos em nosso banco de dados, ou seria banco de rótulos?, para ver qual aquela que mais se adequa a pessoa ou situação a nossa frente. É verdade que isso parece nos poupar imenso tempo em pensamentos intrincados sobre determinada coisa. Outras vezes, para disfarçarmos, passamos a usar rótulos mais disfarçados sob a égide do cinismo, para não nos fazermos notar. Mas quase sempre o rótulo parece aquele pensamento acostumado, envelhecido pelo tempo, guardado num baú, onde rapidamente podemos buscá-lo para nos defender dos terríveis "inimigos externos".

O engraçado dessa história toda é que rotulando ou sendo rotulado, a humanidade caminha a passos largos para uma superficialidade que abrange mais e mais a sua própria frustração. E isso não é uma conclusão, porque se fosse, seria um rótulo e não gostaria de terminá-lo assim...

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