Onde há uma organização de pessoas é quase certo que a dinâmica do poder exista! Família, associação cultural, instituição religiosa, Estado são apenas alguns exemplos disso...
Mas por que, hoje em dia, conseguimos falar de sexo, mas é tão difícil definir o que é poder? Por que vivemos em uma época em que todo mundo já ouviu falar de Freud, mas quase ninguém sabe quem é Adler? Jung dizia que Freud escrevia sobre sexo, pois tinha o poder e Adler escrevia sobre o poder, porque queria tê-lo! Temo discordar desta afirmação!
Vejamos uma situação simples que é bastante corriqueiro: o poder do boato! Quantos casos podemos enumerar sobre pessoas que perderam tudo por uma simples mentira? Um exemplo foi aquele senhor que possuia uma escola primária há anos e de repente por uma simples rivalidade com um dos pais, foi inventado que ele era um estuprador (com direito a depoimentos de crianças e tudo o mais) e pum! Uma vida dedicada a educação foi por água abaixo. Anos mais tarde, provou-se a completa inocência do sujeito! Foi o poder da palavra que permeia no espírito coletivo incauto dos nossos contemporâneos. que primeiro acredita no boato depois vai verificar. Atualmente, os boatos começam a ser tão bem feitos que tem até site especializado em desmacá-los (http://www.ceticismoaberto.com - principalmente, numa época, em que o poder da informação é confundido com sabedoria).
Mas, prossigamos! O filho chora porque quer um novo modelo de console de jogos e o pai, já cansado, de ouvir aquele choro, compra para se livrar! Mas o que isso tem a ver com o poder? O pai exerceu poder sobre o filho por que o fez calar, certo? Errado: o filho é que exerceu o poder sobre o pai, por que sabe que a insistência pode levar a conquista! E, hoje em dia, quase sempre isso surte efeito!
Vejamos outro exemplo sobre a troca de favores! Um sujeito conhecendo suas limitações resolve conquistar as pessoas as quais ele considera úteis para ele! E sem dizer nada, é muito solícito para com todos com aqueles que tem interesse! Olha ai a dinâmica do poder se realizando: os que se sentem devedores passam a serem dominados pela culpa de não retribuir, porque parece que inconscientemente as pessoas precisam de aprovação social, ou seja, não retribue, não é aceito. O mal não está, obviamente, na troca de favores, mas no que é pedido em troca, ou melhor, no caráter moral do que é pedido em troca (e aqui reside talvez milhares de nuances a respeito). Esta é a verdadeira força dos meios políticos e congregações que se afinam para o poder partidário (seja ela onde for)!
A grande questão na dinâmica do poder não é o fato do diabo aparecer com chifre e tridentes. Quase sempre ele aparece como uma mulher deliciosa, com curvas de Juliana Paes e rosto de Michelle Pfifer. E é por isso que conseguimos falar sobre sexo (e não sober poder): porque com a ajuda do nosso quarto poder contemporâneo (a internet e todos os meios sociais de comunicação que as usam) conseguimos definir exteriormente (aparentemente) o que é mal e bom! Com o poder, não! Ele sempre vem disfarçado de trapaças pessoais das quais nos convencemos que não há problema moral e ético envolvido!
É na subliminaridade das relações que mora a grande questão do poder. Perceber essas relações, em contrapartida, nos faz parecer neuróticos, esquisóides ou paranóides. Creio que enquanto não nos defrontarmos com nossos próprios demônios, nunca chegaremos verdadeiramente a compreender a frase "amar ao próximo com a si mesmo". Pois, talvez, seja compreendendo o que está por trás de nossas próprias intenções é que possamos colocar em prática o que a frase nos pede. Ao tentarmos manipular o próximo para dar vazão aos nossos jogos de poder, apenas estamos lançando ainda mais os nossos temores para o nosso incosciente: a partir dai, começamos a chamar ansiedade de "falta de ar", vontade de controlar as pessoas de "gastrite" e falta de amor de "câncer".
O amor talvez seja a única solução para pouco a pouco diminuirmos o que os jogos de poder têm nos causado, porém se não deparamos definitivamente com nossos demônios, eles sempre andarão atrás de nós, fantasiados não somente de doenças, mas também usando máscaras (de bondade, camaradagem, vítima, etc) para que as outras pessoas não os percebam.
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