segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pai de Madrugada

Desde que meu filho nasceu, ele dormia em meu peito, ainda em nosso quarto... Quando tinha cólica, ele dormia melhor em meu peito... Acho que era questão de anatomia: pequenininho, ficava todo tordo naquele abaulamento chamado peito de minha esposa!

O tempo passou, ele cresceu um bocadinho, e vi meu mundo cair quando ele chorou pela primeira vez em meus braços, na hora de dormir! Só acalmou quando foi para os braços da mãe. A partir dai, poucas vezes consegui colocá-lo para dormir, pois sempre chorava pela mãe: e só ela o acalmava! Claro que isso me fez ficar muito frustrado e um pouco ciumento. Não entendia o porquê dele não conseguir acalmar comigo.

Ele sempre riu das minhas brincadeiras, mas a mãe era o porto seguro. Com o tempo, fui me conformando e sabia que a relação parental era diferente com cada um dos pais. Afinal, a mãe nutria-o. Minha esposa sempre foi muito carinhosa e sempre me confortou, tentando me fazer compreender que esse é geralmente o caminho mais natural dos bebês...

E enfim, chegaram os 8 meses! Decidi firmemente, depois de uma demonstração de apego na hora da saída para a universidade, quando meu filho não queria mais me deixar ir embora, que iria passar a noite cuidando dele! Minha esposa já reclamava de cansaço, então uni o útil ao agradável!

Nessa noite, ele acordou praticamente de hora em hora. Mas cada vez que ele acordava e via o pai perto dele, parecia que transformava as primeiras feições de surpresa em contentamento. A primeira acordada foi muito rápida, voltou a dormir com alguns tapinhas no bumbum. A segunda foi mais intensa, estava com fome. E foi dando a mamadeira que ele olhou pela primeira vez pra mim com um olhar de surpresa em ver o pai naquela noite... Tomou toda a mamadeira e, novamente, depois de alguns tapinhas, voltou a dormir! E assim foi até as 06:20 da matina! Tudo escuro resolveu acordar para brincar, e ficou na cama se divertindo com o pai!

Foi um momento mágico! Nenhum escândalo costumas de todas as noites quando acordava sentindo falta da mãe! Naquela noite, era só eu e ele... E a manhã terminou com os homens da casa indo para a natação: dessa vez sem a mamãe. E não queria me largar mais, até no vestiário, quando ia me vestir para a aula.

Essa madrugada descobri duas coisas importantes: a primeira, quanto minha esposa abdicou de noites e noites para acalentar e nutrir nosso pequeno; sendo isso tão cansativo, sempre o fez com toda a dedicação, muitas vezes com dores nos braço. A segunda é que fazer nosso pequeno rir sempre foi fácil durante o dia, até dava gargalhadas com minhas palhaçadas, mas nunca tinha experimentado um sentimento tão intenso como senti quando fui "pai de madrugada"...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Papo de poeta

Enquanto crescemos fisicamente (desde bebê até a idade adulta) e durante o nosso processo de aprendizagem (principalmente na primeira infância), parece que cada um vai criando estratégias próprias para reter o conhecimento! Uns demoram mais, como se aquele determinado conhecimento tivesse que ser esmiuçado a tantas partes que fosse necessário passar mais e mais tempo a ver cada ângulo; outros são mais rápidos, como se soubesse de antemão que voltaria aquela situação mais uma vez na vida e os ângulo se abririam para eles.

Enfim, cada um tem um aspecto singular de perceber a vida, uns mais superficiais, outros mais perspicazes... O interessante nessa história é que quando nos tornamos adultos, algumas coisas já nos parecem intrínsecas. Com o passar do tempo, mais e mais prestamos atenção menos e menos. E a vida parece começar a perder a graça! Parece que precisamos, nessa altura, de mais e mais estímulos externos, enquanto menos e menos sentimos o conforto de caminhar com passos seguros.

Alguns não param para pensar nisso, já que suscitar dúvidas é fazer brandir as bases de uma pseudo-segurança. Mas como dizia Jung: "Tudo aquilo que não enfrentamos em vida acaba se tornando o nosso destino"! Há aqueles outros que preferem viver numa roda de auto-engano, imaginando que é mais fácil acreditar que um dia tudo será diferente (nem que seja por vias Extra-Terrestres!). Há aqueles ainda que se enlamam em considerações filosóficas tão pessimistas que terminam se tornando escravo de seu próprio estilo de vida! Por fim, ainda existem pessoas que aparentemente vivem com um sorriso plantado no rosto como se tudo tivesse bem. Nenhum desses tipos são ilibados da roda do progresso. Enquanto não nos dermos conta do que somos, sempre seremos empurrados em algum instante a pensarmos sobre a VIDA.

Acho que é aqui onde quero chegar. Por que precisamos criar artifícios para viver? Que raio de "Matrix" é essa que vivemos, que para nos sentirmos minimamente bem, precisamos continuar a fugir de nós mesmos? Acho que essas perguntas estão dentro do verniz social em que vivemos! Não devemos ser sinceros, pois as pessoas podem não ter capacidade para compreender nossa sinceridade. E não o sendo, acabamos também por não sermos sinceros com nós mesmos... Assim o círculo de enganos e auto-enganos vão se formando, quer dizer acho que mais seriam espirais!

Acho que essa conversa toda é meio "non-sense", ou talvez "semi-sense"? Para alguns devem fazer sentido, para outros deve ser apenas "papo de poeta", mas o que parece ser concreto nisso tudo é que cada vez mais vejo gente fugindo da sua própria realidade: Criam famílias mas as põem de lado pelo trabalho; usam suas inteligências para acumular bens e poder, mas não podem desfrutar dos bens e do poder apenas o utilizam em benefício próprio; criam amizades superficiais que parecem degenerar-se a um mínimo abalo no status social, e por ai vai... Pode ser "papo de poeta" mas tudo tem um preço e o destino parece criar condições para nos mostrar quando não nos enfretamos...