Hoje vi uma entrevista com Saramago. Em certa altura, tocaram (como sempre) não questão de Deus e o comunismo, e o grande sábio, respondeu: "Deus não existe. Ponto!". A certeza emanava do homenzinho.
Sempre gostei muito dos ateus. Eles são pessoas especiais e a impressão que tenho é que Deus tem um carinho especial por eles! Conheço menos ateus pilantras do que religiosos éticos. De uma certa forma, creio que a ética de um homem não deve ser definida por sua religião. É o que o próprio Saramago explica: "o animal faz melhor uso do instinto que o homem da razão!". Não é definitivamente pelo fato de seguirmos uma crença religiosa que nos tornamos melhor que os outros ou nem que vá nos levar ao Céu!
Ao longo da história da humanidade, o homem tem usado este conceito, que conhecemos de Deus para muitos fins, e o maior deles é o benefício próprio. Benefício este que vive nas mãos de uns poucos! O a-teu ("não-Deus", em latim) não é aquele que parece desacreditar em um "Deus", mas aquele que parece rechaçar a idéia de Deus que vem se perpetuando a milhares de anos! A compreensão sobre Deus é algo difícil, principalmente quando nos falta palavra para definí-lo, por esta razão creio que os ateus terminam se opondo a idéia do Deus vingativo, vulgar, aquele que se alia aos interesses de alguns poucos, ou mesmo permite que tantos males assombre a humanidade. Ou quem sabe terminam acreditando que Deus não existe justamente por este último!
Estas idéias de Deus parecem ser vazias, como se tivéssemos que lidar com a idéia de que a qualquer momento fôssemos deixar de existir por causa dele, como se fôssemos seres abjetos e à mercê de um déspota. E sempre que queremos convencer a alguém de que Ele existe, recorremos a citações da Bíblia. Como diz Saramago: "este é um livro que não deveríamos dar para qualquer adolescente, pois só se passa assassínios, mortes, tragédias, traições!". E nunca paramos para compreender o que nos tenta dizer este livro milenar!
Gosto da palavra "agnóstico", o que de forma alguma significa "não crer", mas sim "é difícil explicar a nossa crença!". Acho que um ateu não passa de um agnóstico, que no alto da sua sinceridade prefere dizer que Deus não existe... obviamente, deve se referir àquele Deus imposto por quem prefere usá-lo para o poder. Instituições religiosas em todo o mundo cada vez dão prova disso, e infelizmente há pouca gente sincera que possa mostrar hoje em dia que o caminho da ética, bondade e caridade está além de um culto ou de um dogma, mas reside na razão humana em discernir o que é bom e mau, tarefa nada fácil...
Para terminar, peço licença ao Rappa para citar um de umas das suas músicas: "tentei ser crente, mas meu Cristo é diferente, sua sombra é sem cruz... naquela luz."
Filosofia é a arte do pensamento. Do abstrato ao concreto, do intangível ao tangível, do sem sentido às entrelinhas, tudo passa por nossos pensamentos e a expressão dessas idéias talvez seja o mais difícil para nós! Aqui, vou tentar expressar idéias que muitas vezes ficam apenas em minha cabeça e quase sempre estão além das (atitudes, ações, justificativas e idéias) ideais!
domingo, 30 de novembro de 2008
sábado, 22 de novembro de 2008
O vazio e as cores
Quando me elogiam, metade de mim é vaidade, outra metade é consciência! Elogiar-me não deixa de ser um ato prazeroso no momento que se inícia um elogio, porém parece se transformar em algo inútil em seguida, quando percebo que muitas vezes (acho que 99.9999% das vezes) este elogio tem outra finalidade!
Minha esposa, por exemplo, me elogia porque gosta de mim e quer me ver bem, mesmo que algumas vezes não consiga apreender o porquê daquele fato que motivou o elogio! Meus alunos me elogiam quase sempre porque precisam criar uma empatia que os ajudem em caso de necessidade (aquele 1 décimo de aproximação na nota final para passar na disciplina!) Consciente ou inconscientemente estes objetivos parecem ser reconhecidos por mim e por isso repito: metade de mim se envaidece e a outra metade sabe do que está acontecendo!
Já meus inimigos, não! Eles quase nunca me elogiam! Sempre procuram uma falha em mim, procuram um ponto fraco onde possam me vencer em seu modelos mentais perturbadores ou conflituosos! É por isso que devo muito a eles! Sem eles, minha existência seria uma "sêca", como se vivesse eternamente convivendo como uma mesma melodia unitônica! Não existiria evolução de personalidade, nem vitórias sobre os lados sombrios de minha psique!
Dizem que os inimigos são nossos espelhos! Creio que são mais que isso, são nossos melhores reflexos, aqueles cujas cores "saramaguianas" estão desbotadas dentro de nossos quadros psíquicos e que com o menor contacto com eles, tornam-se brilhantes e irradiantes, mostrando-nos o que devemos realmente enxergar em nós! Pena que nem sempre gostamos dessas cores, pois não combinam com as vestes de nossas máscaras, que insistem em nos enganar pois é conveniente aos nossos interesses!
... aprendi que devo agradecer aos meus inimigos, perdoá-los sempre, nem sempre entrar diretamente em contato, mas sempre procurar vislumbrar qual a cor que eles podem me mostrar naquele momento. Qual cor deve ter mais brilho? E quando não considerar mais ninguém meu inimigo, enfim terei alcançado a liberdade eterna, onde minhas próprias cores serão realçadas agora somente pela minha vontade! Acho que isso, afinal, é o "vazio" tão almejado pelos orientais...
Minha esposa, por exemplo, me elogia porque gosta de mim e quer me ver bem, mesmo que algumas vezes não consiga apreender o porquê daquele fato que motivou o elogio! Meus alunos me elogiam quase sempre porque precisam criar uma empatia que os ajudem em caso de necessidade (aquele 1 décimo de aproximação na nota final para passar na disciplina!) Consciente ou inconscientemente estes objetivos parecem ser reconhecidos por mim e por isso repito: metade de mim se envaidece e a outra metade sabe do que está acontecendo!
Já meus inimigos, não! Eles quase nunca me elogiam! Sempre procuram uma falha em mim, procuram um ponto fraco onde possam me vencer em seu modelos mentais perturbadores ou conflituosos! É por isso que devo muito a eles! Sem eles, minha existência seria uma "sêca", como se vivesse eternamente convivendo como uma mesma melodia unitônica! Não existiria evolução de personalidade, nem vitórias sobre os lados sombrios de minha psique!
Dizem que os inimigos são nossos espelhos! Creio que são mais que isso, são nossos melhores reflexos, aqueles cujas cores "saramaguianas" estão desbotadas dentro de nossos quadros psíquicos e que com o menor contacto com eles, tornam-se brilhantes e irradiantes, mostrando-nos o que devemos realmente enxergar em nós! Pena que nem sempre gostamos dessas cores, pois não combinam com as vestes de nossas máscaras, que insistem em nos enganar pois é conveniente aos nossos interesses!
... aprendi que devo agradecer aos meus inimigos, perdoá-los sempre, nem sempre entrar diretamente em contato, mas sempre procurar vislumbrar qual a cor que eles podem me mostrar naquele momento. Qual cor deve ter mais brilho? E quando não considerar mais ninguém meu inimigo, enfim terei alcançado a liberdade eterna, onde minhas próprias cores serão realçadas agora somente pela minha vontade! Acho que isso, afinal, é o "vazio" tão almejado pelos orientais...
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Use filtro solar
Sempre achei que bons conselhos deveriam ser dados para ajudar alguém que os pede... (também, àqueles que não os pedem!) Sentimo-nos bem, sentimo-nos importantes e com aquela sensação de que fizemos algo útil para nosso próximo!
Nunca achei que poderia fazer algum mal ao dar algum conselho! Imagine só, mal, ao dar um conselho!? Afinal, fazemos isso na maioria das vezes por achar que o outro deveria tomar outra atitude. Vemos um amigo passando por uma situação complicada, e nem temos tempo de ouvir a história toda, falamos logo a ele o que fazer! Há pessoas que são mais cautelosas em dar conselhos, começam sempre pelo plural: "Acho que deveríamos fazer isso e mais isso!" Como se incluindo ela mesma, pudesse parecer mais humilde aos olhos do seu interlocutor amigo!
O engraçado é que tem até pessoas que já fazem o que todos costumam falar: "se conselho fosse bom, venderíamos", e começam a lançar livros do tipo "Mil conselhos para educar o seu filho" ou mil conselhos para emagrecer com saúde", etc.
Mas há uma coisa que ninguém percebe quando aconselha: embutimos dentro dele um julgamento. É como se, mesmo em palavras mascaradas, julgássemos que aquela pessoa a nossa frente precisasse ouvir aquele conselho, pois lhe falta algo... e esse algo é justamente o alvo de nosso julgamente, pois "lhe falta algo que vemos" ou achamos que vemos!
Obviamente, existem conselhos e conselhos. Mas o fato é que se não conhecemos a alma de quem aconselhamos, corremos sempre o risco de julgá-lo e o pior: o que seria feito com o objetivo de ajudar, termina tendo o sentido oposto!
O engraçado é que nem sempre nos damos conta disso, e no alto de nossa experiência, ligamos nossa metralhadora de aconselhamentos e disparamos todo o tipo de conselhos que achamos necessários! O fato é que é difícil parar de aconselhar! Há sempre um estado de espírito em nós que se sente bem em aconselhar! Acho que só participando do CA (conselheiros anônimos) para nos livrarmos disso. Imaginem só:
- A pessoa que conduz a reunião: "alguém aqui quer falar sobre si?"
- Responde um anônimo: "Sim, eu passei 10 anos dando conselhos, mas hoje estou curado! Tenho 3 meses, sem dar um conselhor se quer"
- A pessoa que conduz a reunião, de novo: "Palmas para ele"
É verdade, acho que algumas vezes é viciante! Precisamos dar conselhos para tirar aquele vazio e nos sentirmos mais úteis à humanidade! Ao final, acho mesmo que o único conselho que deveríamos dar é o da Mary Schmich: "use filtro solar"!
Nunca achei que poderia fazer algum mal ao dar algum conselho! Imagine só, mal, ao dar um conselho!? Afinal, fazemos isso na maioria das vezes por achar que o outro deveria tomar outra atitude. Vemos um amigo passando por uma situação complicada, e nem temos tempo de ouvir a história toda, falamos logo a ele o que fazer! Há pessoas que são mais cautelosas em dar conselhos, começam sempre pelo plural: "Acho que deveríamos fazer isso e mais isso!" Como se incluindo ela mesma, pudesse parecer mais humilde aos olhos do seu interlocutor amigo!
O engraçado é que tem até pessoas que já fazem o que todos costumam falar: "se conselho fosse bom, venderíamos", e começam a lançar livros do tipo "Mil conselhos para educar o seu filho" ou mil conselhos para emagrecer com saúde", etc.
Mas há uma coisa que ninguém percebe quando aconselha: embutimos dentro dele um julgamento. É como se, mesmo em palavras mascaradas, julgássemos que aquela pessoa a nossa frente precisasse ouvir aquele conselho, pois lhe falta algo... e esse algo é justamente o alvo de nosso julgamente, pois "lhe falta algo que vemos" ou achamos que vemos!
Obviamente, existem conselhos e conselhos. Mas o fato é que se não conhecemos a alma de quem aconselhamos, corremos sempre o risco de julgá-lo e o pior: o que seria feito com o objetivo de ajudar, termina tendo o sentido oposto!
O engraçado é que nem sempre nos damos conta disso, e no alto de nossa experiência, ligamos nossa metralhadora de aconselhamentos e disparamos todo o tipo de conselhos que achamos necessários! O fato é que é difícil parar de aconselhar! Há sempre um estado de espírito em nós que se sente bem em aconselhar! Acho que só participando do CA (conselheiros anônimos) para nos livrarmos disso. Imaginem só:
- A pessoa que conduz a reunião: "alguém aqui quer falar sobre si?"
- Responde um anônimo: "Sim, eu passei 10 anos dando conselhos, mas hoje estou curado! Tenho 3 meses, sem dar um conselhor se quer"
- A pessoa que conduz a reunião, de novo: "Palmas para ele"
É verdade, acho que algumas vezes é viciante! Precisamos dar conselhos para tirar aquele vazio e nos sentirmos mais úteis à humanidade! Ao final, acho mesmo que o único conselho que deveríamos dar é o da Mary Schmich: "use filtro solar"!
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Idealizando o diferente
Estamos constantemente sendo bombardeados por informações. A cada dia, os jornais noticiam que um padrão novo deve ser seguido: uma hora deve se comer isso, outra não se pode comer aquilo! Parecemos bois conduzidos por um grande pastor.
Vivemos dia a dia numa enxurrada de novos modismos e tendências as quais, quando seguimos, nos faz parecer integrados com a massa de pessoas a nossa volta. Não seguir a massa é penoso demais! Temos que abrir mão de muitas coisas, dentre elas o nosso processo de individuação!
Ser diferente é incômodo! Não só para os outros, mas muito também para nós mesmos... Não me recordo de uma pessoa que tenha percebido isso que tenha tido uma vida tranquila... Terminaram sempre ou mortos pelos homens ou mortos por eles mesmos através de drogas ou bebida! O fato é que aquele que se diferencia da "massa" sempre paga um alto preço...
Não, esse ser diferenciado definitivamente não sou eu. Não faço parte do time dos diferenciados e conheço poucos que o são. Não preciso usar nem meia mão para contar. Para ser diferenciado é preciso compreender determinadas coisas que estão além daquilo que aparentamos ser. Ser diferenciado é quase um caminho para a loucura... é talvez entender que não precisamos agradar a ninguém concordando com cada ponto de vista... Por que afinal estamos vez por outra concordando por conveniência!
... e não é só isso! Cada vez mais somos menos sinceros! Mentimos a todo instante para contornar o que é penoso para a gente. Criamos jogos de convivência porque é penoso para as pessoas sermos sinceras umas com as outras! Como diz Oscal Wilde: "...para sermos populares é indispensável sermos medíocres!"
É incrível como numa conversa envolvendo muitas pessoas, a concordância da maioria pode abafar boas idéias! Temos vergonha de defender nossas idéias, porque argumentar é sinônimo de polêmica. Quem argumenta demais é polêmico! As pessoas "diplomáticas" concordam sempre, mesmo que discordem. Acho que de fato algumas são até inteligentes, pois sabem onde querem chegar com isso... Mas, sinceramente? A maioria faz isso por puro comodismo...
Parece que vivemos aquela sociedade pintada por Aldous Huxley em "Brave New World", há quase 80 anos atrás. Temos que parecer integrados, sermos iguais em cada casta social que vivemos. Quebrar paradigmas verdadeiramente não é a palavra de ordem! Enquanto isso, quem dita as regras do novos paradigmas é quem sae na frente e nos conduz, determinando a maneira de pensar da maioria!
O fato é que ser diferente é ser autêntico e dá trabalho, muito trabalho...
Vivemos dia a dia numa enxurrada de novos modismos e tendências as quais, quando seguimos, nos faz parecer integrados com a massa de pessoas a nossa volta. Não seguir a massa é penoso demais! Temos que abrir mão de muitas coisas, dentre elas o nosso processo de individuação!
Ser diferente é incômodo! Não só para os outros, mas muito também para nós mesmos... Não me recordo de uma pessoa que tenha percebido isso que tenha tido uma vida tranquila... Terminaram sempre ou mortos pelos homens ou mortos por eles mesmos através de drogas ou bebida! O fato é que aquele que se diferencia da "massa" sempre paga um alto preço...
Não, esse ser diferenciado definitivamente não sou eu. Não faço parte do time dos diferenciados e conheço poucos que o são. Não preciso usar nem meia mão para contar. Para ser diferenciado é preciso compreender determinadas coisas que estão além daquilo que aparentamos ser. Ser diferenciado é quase um caminho para a loucura... é talvez entender que não precisamos agradar a ninguém concordando com cada ponto de vista... Por que afinal estamos vez por outra concordando por conveniência!
... e não é só isso! Cada vez mais somos menos sinceros! Mentimos a todo instante para contornar o que é penoso para a gente. Criamos jogos de convivência porque é penoso para as pessoas sermos sinceras umas com as outras! Como diz Oscal Wilde: "...para sermos populares é indispensável sermos medíocres!"
É incrível como numa conversa envolvendo muitas pessoas, a concordância da maioria pode abafar boas idéias! Temos vergonha de defender nossas idéias, porque argumentar é sinônimo de polêmica. Quem argumenta demais é polêmico! As pessoas "diplomáticas" concordam sempre, mesmo que discordem. Acho que de fato algumas são até inteligentes, pois sabem onde querem chegar com isso... Mas, sinceramente? A maioria faz isso por puro comodismo...
Parece que vivemos aquela sociedade pintada por Aldous Huxley em "Brave New World", há quase 80 anos atrás. Temos que parecer integrados, sermos iguais em cada casta social que vivemos. Quebrar paradigmas verdadeiramente não é a palavra de ordem! Enquanto isso, quem dita as regras do novos paradigmas é quem sae na frente e nos conduz, determinando a maneira de pensar da maioria!
O fato é que ser diferente é ser autêntico e dá trabalho, muito trabalho...
Subscrever:
Mensagens (Atom)