sábado, 21 de julho de 2012

Ser pai é "pai"decer no paraíso! (repost)

Desde os 23, comecei a pensar em mim como pai. Sempre achava que não estava preparado. Imaturo algumas vezes, destemperado outras. Quando com quase aos 35, finalmente tomei coragem em ter um filho. A idéia veio aos 23, porque conheci Beta. Desde o primeiro dia, sabia que ela era o amor da minha vida e com quem gostaria de compartilhar o resto dos meus dias. Qaundo tivemos Victor, estavámos fora do país, estudando. Foi uma época única em minha (nossas) vida(s). Finalmente, depois de mais de 10 anos, me preparando, eu iria ser pai. Ao mesmo tempo que me sentia mais confiante, sentia-me também apavorado. Mas sempre fui de me jogar em novas situações. Deve ser por causa do signo de Áries. Desde o primeiro dia de vida de meu bambino, quis tomar a frente de tudo. Dar banho, trocar a roupa, acarinhá-lo, colocar no meu peito para confortá-lo das cólicas... Só tinha uma coisa que não conseguia fazer: levantar às madrugadas para acalentar seu choro. Confesso que não me preparei para isso. Mas tudo bem, pensava, tem uma coisa que o pai não pode fazer de jeito nenhum - dar de mamar. Dos 2 meses até aos 6, Victorico só dormia com a mãe. E queria ficar a maior parte do tempo com ela. Lembro-me uma vez que fiquei sozinho com ele, para que Beta fosse a academia. Não era a primeira vez, mas nesse dia ele sentiu muito a sua falta. Não adiantava deixar uma mamadeira com leite materno, pois mesmo que oferecesse para ele, não parava de chorar alto. Tentei o último recurso, dar de mamar. Minha lógica era a seguinte: tinha que ter algum peito para que ele passasse a sentir confortável. Que estúpido! Havia esquecido de todas as aulas durante a gravidez que tivemos. Oxitocina, leite materno, a própria maciez do peito feminino. Não seria um peito cabeludo e plano que acalentaria o pequeno. Então comecei a perceber a grande diferença entre pais e mães. Comecei a perceber que o pai sempre seria aquele que mostra o mundo aos seus filhos, por convenção. É ele o responsável também pelo parque de diversões. Mas por que? Por que não podemos acalentá-los quando estão doentinhos? Por que não conseguimos, na maior parte das vezes, colocá-los para dormir quando as mães estão por perto? Aos 6 meses, decidi que iria passar uma noite inteira no quarto dele, mesmo que fosse para ser acordado durante toda a noite. Aquela noite, a primeira vez que ele acordou, olhou para o meu rosto e fez uma cara de espanto. Acho que foi por isso que não conseguiu chorar. Parecia que não entendia o porquê do pai estar ali naquele momento. Durante 6 meses da vida dele, só via o rosto da mãe, nas madrugadas que precisava de companhia. Peguei ele no colo, acalentei-o. Coloquei-o na cama ao meu lado. Ele adormeceu... E foi assim durante toda a noite. Na manhã do dia seguinte, não me sentia cansado. Pelo contrário. Sentia que tinha criado o maior de todos os vínculos com meu baby. Fomos para a natação, e neste dia, ele fez toda a aula comigo sem um choro se quer. Quanto a mãe? Ficou naturalmente com ciúmes, e por mais que dissesse coisas para me acalentar nos momentos em que Victor queria seu colo ao meu, sentiu que naquele momento o meu papel de pai foi além das brincadeiras diurnas. Victor tem hoje 2 anos e 1 mês. Durante todo este tempo, sempre procurei acordar a noite. Claro que até hoje ele prefere os carinhos da mãe. Afinal, quem não prefere, não é? Mas as vezes que me dispuz a interferir nesse processo, fui sempre bem acolhido. Ontem, ele não estava bem e chorou bastante antes de irmos dormir. Peguei-o no colo, ele resistiu e se bateu para correr para mãe. Não me abati. Comecei a cantar uma das poucas músicas que conheço para bebês. Ele se acalmou. Parecia estar com cólica e me fez lembrar dos primeiros meses de vida, onde somente o meu peito o acalmava. Beta deitou na cama e puxou-o para seu lado. Ele voltou para o meu peito. Se ajeitou até achar uma nova posição. E eu, todo orgulhoso, pensava o quanto foi importante ter insistido naquele momento. Mas não usando meu lado racional, como quis fazer muitas vezes, e induzi-lo a fazer o que eu queria. Usei o lado confortador, aquele que a maioria das vezes somente a mãe sabe fazer, pois nós os homens somos treinados a sempre "usar a espada" para resolver os problemas do dia-a-dia. Naquele túnel do tempo, vi-me de volta a 2 anos atrás e o quanto era caloroso ter ele em meus braços... Muitas vezes, não percebia o papel do pai. Nunca entendi direito o que é amar de verdade um filho, apesar de sempre o fazer. Mas nos últimos tempos, compreendi que amar é muito mais que tentar achar soluções para seu desenvolvimento... Amar é compreender sua personalidade; é saber como dizer não, sem o dizer; é compreender que os filhos tem anseios pra além dos nossos próprios, e que precisamos respeitá-los sempre, mesmo que muitas vezes, estes pareçam sem lógica ou razão de ser. Enfim, há muitos papéis para os pais, para além daqueles convencionados. Só depende de nós, tentar perceber além do óbvio e convenções, pois não é uma tarefa fácil nesse mundo corrido que vivemos!

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