segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Flamengo Hexa: e o futuro?

Ontem foi o dia tão esperado para nós torcedores do Flamengo: Hexacampeão!

Sou torcedor do Flamengo desde 1979, quando comecei a gostar de futebol. Tinha 7 anos, e comecei a torcer para o Flamengo por puro acaso. Como gostava daqueles "cards" que vinham naqueles chicletes enormes da época, calhou de vir mais jogador do Flamengo em minhas gomas de mascar. Como sou muito competitivo, queria mostrar que o time que tinha nas mãos era melhor que o Vasco do meu amigo de infância!

Coincidência do destino ou não, o Flamengo só ganhava na década de 80! Era o "dream team" do Brasil e a rede Globo só falava do Flamengo! E realmente, o time era o maior... Foi tetracampeão brasileiro só naquela década!

Veio a década de 90, e veio também o fim dessa era. Fora 92, quando foi mais uma vez campeão, o Flamengo vivia no meio ou quase no fim da tabela! Até hoje não sei como nunca caiu para a segunda divisão!

Ontem, aconteceu um milagre: Flamengo com Andrade como técnico, ganhou um campeonato! E parece ter sido algo mesmo sem explicação de como aconteceu (um milagre)! Sem organização, com uma dívida de 300 milhões de reais, com um time que fora alguns poucos jogadores (e não estou falando só de Petkovic, Adriano e Maldonado), possuia um elenco bem "meia boca", o flamengo ganhou o título. Ponto para o Andrade que mostrou ser um líder e tanto! Com humildade e perseverança, soube conduzir o Flamengo nas adversidades...

Ponto. Aqui paramos para falar de uma coisa que é marcante em nós brasileiros: ganhar na adversidade! Pra mim, ganhar na adversidade é ganhar uma vez e ter que esperar mais 17 anos para ganhar de novo (quem sabe?); é ganhar na raça, sem planejamento, organização ou metas; é atirar 1000 vezes para conseguir acertar uma e mesmo assim nem olhar para a flecha quando lançar!

Enfim, infelizmente, é a herança que carregamos conosco, que nos impede muitas vezes de saber para onder vamos, para onder queremos ir. Obviamente, não creio que os Alemães são modelo para ninguém. Viver numa sociedade tão grande e hiper-planejada deve ser uma loucura, não daria certo no Brasil, e não acho que dê realmente certo por lá. Mas por que não aliar o útil ao agradável? Por que não sermos mais responsáveis naquilo que fazemos, sem nóias, nem roubalheiras (como acontece no futebol hoje em dia do Rio de Janeiro e muitos outros estados)?

Acho que enquanto acreditarmos que o sofrimento de vencer nas adversidades pode ser o único a levar-nos ao prazer da vitória, o Brasil continuará a fomentar essas personalidades que nos comandam, fazendo-nos bonecos de interesses diversos...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Bebês vêm com manual?

Eu e minha esposa esperamos algum tempo para ter nosso primeiro filho. Pensávamos sempre no preparo psicológico necessário para criar um! Maturidade sempre foi nosso principal questionamento, mesmo sem saber até que ponto deveríamos esperar para estarmos maduros...

Enfim, decidimos e tivemos! Ele tá aqui nos enchendo de alegria. O que chamávamos maturidade, hoje acho que tem outro nome: renúncia. Ter filho é renunciar de um monte de coisas. Primeiro de nossa própria comodidade. Renúncia de nosso egoísmo, de nossa necessidade de atenção o tempo todo, de nosso tempo livre para fazer o que queremos e de mais um zilhão de coisas!

Ao longo desses 10 meses depois do nascimento de nosso pequeno, aprendi que renunciar apenas também não é suficiente. É necessário prestar atenção e pensar, pensar muito! Crianças até 1 ano não costumam falar, portanto precisamos ouvir, ouvir muito! Ouvir e aprender com os erros.

E foi assim que fomos lidando com o seu choro. Sua forma mais divina de comunicação. Dizem que bebês não vêm com manual. Mentira! Vêm, sim. Com tudo lá detalhado, estabelecido, inclusive com os famosos "troubleshootings" dos manuais técnicos. O único problema é que o manual está escrito na linguagem deles. DE CADA UM DELES! Como se tivéssemos que reunir todas as páginas ao longo do longo percurso de criação do pequeno! E claro que esses manuais são tema de pesquisas e mais pesquisas científicas. E métodos e métodos são criados para podermos traduzi-los para o nosso linguajar. Mas o pior de todos os métodos já criados chama-se Método Ferber.

Este tipo de tradução do manual do bebê visa transformar seu choro em um único significado traduzido, e chama-se "aprender a se virar sozinho". O objetivo é ensinar o bebê desde a tenra idade a se virar. Em outras palavras: "deixe-nos dormir a noite toda".

Confesso que durante essa curta jornada em que estamos sendo pais, pensamos várias vezes sobre isso: deixá-lo chorar para poder ensiná-lo a dormir. Ainda bem que nunca pensamos nisso ao mesmo tempo, e tinha sempre o outro para argumentar contra. E olhe que já passamos noites bem difíceis, como 99,99% dos pais deste planeta!

E nada foi mais recompensador que NUNCA termos deixado nosso pequeno chorar sem atendê-lo. Aprendemos quase a ler seus pensamentos. À medida que ele cresce, fica mais e mais fácil compreendê-lo.

Oh, que lástima essa realização de um método tão comportamentalista! É o culme do egoísmo de nós seres humanos, que queremos muitas vezes ter filhos para mostrar ao mundo, mas ao mesmo tempo não queremos aplicar a tão árdua renúncia de nós mesmos!

E assim, criamos psicopatas sociais. Aquelas pessoas que cortaram quaisquer enervações de seu corpo com o mundo, porque seu sistema nervoso não foi estimulado com carinho, apenas com "comportamentos"! Pessoas essas que acham que a vida é uma luta por sobrevivência onde os fins justificam os meios, e fazem quaisquer coisas para conseguir o que querem, porque o que impera é a lei do mais forte!

Pais, oh pais! Tentem ler o manual que seus filhos trazem! Não se deixem levar por um comodismo egoísta, que insistem em ensinar às crianças que devem se comportar como nós adultos. Só o amor incondicional pode salvar nossos filhos desses tão tortuosos caminhos e mais que isso, nos salvar de uma culpa tão grande que teremos que carregar quando começarmos a vê-los crescer, tornando-se pessoas sem o olhar compassivo ao próximo...

O choro é a maior forma de comunicação entre nós e nossos filhos. Se compreendemos seu choro, compreenderemos também sua linguagem quando eles começarem a falar. E será mais fácil orientá-los. Mesmo que falhemos por algum motivo na criação desses pequenos, ainda assim levaremos o coração mais leve, com uma culpa mais branda, por sabermos que fizemos tudo o que foi possível e que o resto foi escolha deles!

sábado, 31 de outubro de 2009

Ilusões perigosas

Conversando com um colega que não está passando uma boa fase, comecei a prestar atenção em seu discurso. Sim, discurso! Aquelas pessoas que não se entregam a tristeza pública, tendem a arranjar formas racionais de justificar as más fases. Acho que isso é melhor que dizer pra todo mundo que você está na fossa.

Mas voltando... o tal discurso do meu colega parecia uma forma de justificar a sua incompetência. E digo incompetência, sem ofensa alguma, uma vez que acho que se víssemos mais que somos incompetentes em várias coisas, viveríamos mais felizes! Enfim, o colega tentava arranjar 3 ou 4 explicações para demonstrar que tomou algumas decisões erradas no meio de caminho. Como conheço mais ou menos a sua história, percebi logo que estava tentando se convencer que apesar de ser muito bom em algumas áreas, foi "injustiçado" pelo "sistema".

O interessante dessa história toda é que anda, vira e mexe, usamos essas estratégias para nos sentirmos melhores! Não sei, acho que nosso sistema nervoso não suportaria tamanha dor de observar o quanto somos incompetentes. Acho que isso é típico das pessoas que se cobram muito. Naturalmente me incluo nessa categoria. E obviamente não podemos entregar os pontos a qualquer um...

O interessante dessa história toda é que parece que vivemos num espiral de ilusões, tentando nos achar melhores que outros quando obtemos sucesso, e piores quando fracassamos! Ilusões que nos levam sempre a buscar uma referência externa para o nosso mundo, onde não suportamos ser julgados, mas a todo momento precisamos julgar para nos percebermos e nos enxergarmos melhor. Ilusões que nos prendem a consciências adormecidas de nós mesmos! Enfim, ilusões perigosas pra nós próprios...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pai de Madrugada

Desde que meu filho nasceu, ele dormia em meu peito, ainda em nosso quarto... Quando tinha cólica, ele dormia melhor em meu peito... Acho que era questão de anatomia: pequenininho, ficava todo tordo naquele abaulamento chamado peito de minha esposa!

O tempo passou, ele cresceu um bocadinho, e vi meu mundo cair quando ele chorou pela primeira vez em meus braços, na hora de dormir! Só acalmou quando foi para os braços da mãe. A partir dai, poucas vezes consegui colocá-lo para dormir, pois sempre chorava pela mãe: e só ela o acalmava! Claro que isso me fez ficar muito frustrado e um pouco ciumento. Não entendia o porquê dele não conseguir acalmar comigo.

Ele sempre riu das minhas brincadeiras, mas a mãe era o porto seguro. Com o tempo, fui me conformando e sabia que a relação parental era diferente com cada um dos pais. Afinal, a mãe nutria-o. Minha esposa sempre foi muito carinhosa e sempre me confortou, tentando me fazer compreender que esse é geralmente o caminho mais natural dos bebês...

E enfim, chegaram os 8 meses! Decidi firmemente, depois de uma demonstração de apego na hora da saída para a universidade, quando meu filho não queria mais me deixar ir embora, que iria passar a noite cuidando dele! Minha esposa já reclamava de cansaço, então uni o útil ao agradável!

Nessa noite, ele acordou praticamente de hora em hora. Mas cada vez que ele acordava e via o pai perto dele, parecia que transformava as primeiras feições de surpresa em contentamento. A primeira acordada foi muito rápida, voltou a dormir com alguns tapinhas no bumbum. A segunda foi mais intensa, estava com fome. E foi dando a mamadeira que ele olhou pela primeira vez pra mim com um olhar de surpresa em ver o pai naquela noite... Tomou toda a mamadeira e, novamente, depois de alguns tapinhas, voltou a dormir! E assim foi até as 06:20 da matina! Tudo escuro resolveu acordar para brincar, e ficou na cama se divertindo com o pai!

Foi um momento mágico! Nenhum escândalo costumas de todas as noites quando acordava sentindo falta da mãe! Naquela noite, era só eu e ele... E a manhã terminou com os homens da casa indo para a natação: dessa vez sem a mamãe. E não queria me largar mais, até no vestiário, quando ia me vestir para a aula.

Essa madrugada descobri duas coisas importantes: a primeira, quanto minha esposa abdicou de noites e noites para acalentar e nutrir nosso pequeno; sendo isso tão cansativo, sempre o fez com toda a dedicação, muitas vezes com dores nos braço. A segunda é que fazer nosso pequeno rir sempre foi fácil durante o dia, até dava gargalhadas com minhas palhaçadas, mas nunca tinha experimentado um sentimento tão intenso como senti quando fui "pai de madrugada"...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Papo de poeta

Enquanto crescemos fisicamente (desde bebê até a idade adulta) e durante o nosso processo de aprendizagem (principalmente na primeira infância), parece que cada um vai criando estratégias próprias para reter o conhecimento! Uns demoram mais, como se aquele determinado conhecimento tivesse que ser esmiuçado a tantas partes que fosse necessário passar mais e mais tempo a ver cada ângulo; outros são mais rápidos, como se soubesse de antemão que voltaria aquela situação mais uma vez na vida e os ângulo se abririam para eles.

Enfim, cada um tem um aspecto singular de perceber a vida, uns mais superficiais, outros mais perspicazes... O interessante nessa história é que quando nos tornamos adultos, algumas coisas já nos parecem intrínsecas. Com o passar do tempo, mais e mais prestamos atenção menos e menos. E a vida parece começar a perder a graça! Parece que precisamos, nessa altura, de mais e mais estímulos externos, enquanto menos e menos sentimos o conforto de caminhar com passos seguros.

Alguns não param para pensar nisso, já que suscitar dúvidas é fazer brandir as bases de uma pseudo-segurança. Mas como dizia Jung: "Tudo aquilo que não enfrentamos em vida acaba se tornando o nosso destino"! Há aqueles outros que preferem viver numa roda de auto-engano, imaginando que é mais fácil acreditar que um dia tudo será diferente (nem que seja por vias Extra-Terrestres!). Há aqueles ainda que se enlamam em considerações filosóficas tão pessimistas que terminam se tornando escravo de seu próprio estilo de vida! Por fim, ainda existem pessoas que aparentemente vivem com um sorriso plantado no rosto como se tudo tivesse bem. Nenhum desses tipos são ilibados da roda do progresso. Enquanto não nos dermos conta do que somos, sempre seremos empurrados em algum instante a pensarmos sobre a VIDA.

Acho que é aqui onde quero chegar. Por que precisamos criar artifícios para viver? Que raio de "Matrix" é essa que vivemos, que para nos sentirmos minimamente bem, precisamos continuar a fugir de nós mesmos? Acho que essas perguntas estão dentro do verniz social em que vivemos! Não devemos ser sinceros, pois as pessoas podem não ter capacidade para compreender nossa sinceridade. E não o sendo, acabamos também por não sermos sinceros com nós mesmos... Assim o círculo de enganos e auto-enganos vão se formando, quer dizer acho que mais seriam espirais!

Acho que essa conversa toda é meio "non-sense", ou talvez "semi-sense"? Para alguns devem fazer sentido, para outros deve ser apenas "papo de poeta", mas o que parece ser concreto nisso tudo é que cada vez mais vejo gente fugindo da sua própria realidade: Criam famílias mas as põem de lado pelo trabalho; usam suas inteligências para acumular bens e poder, mas não podem desfrutar dos bens e do poder apenas o utilizam em benefício próprio; criam amizades superficiais que parecem degenerar-se a um mínimo abalo no status social, e por ai vai... Pode ser "papo de poeta" mas tudo tem um preço e o destino parece criar condições para nos mostrar quando não nos enfretamos...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Último post da noite

Último post de hoje... Não resisti ao trecho que li de um texto sobre o poder, e decidi citá-lo aqui:


"O egoísta ou narcisista sabe que no fundo ele é um absoluto miserável, não quer dividir nada por saber que seu produto é totalmente efêmero, ele sempre precisa tomar as coisas de alguém, sua esterilidade ou apatia social é apenas uma reação ou vingança em relação à pujança de criatividade de outro ser humano. Seu passatempo predileto é torcer e verificar pelo fracasso de seu círculo de conhecidos, jamais tem amigos, apenas acompanhantes em determinados eventos, sua principal carência é de não poder compartilhar seu íntimo com alguém, pelo temor de se expor, como tem a consciência de que jamais obterá amizades genuínas, usa o recurso da exploração ou sedução para obter seus objetivos."


Peles de cobra

Uma vez assisti a uma palestra em que o palestrante dizia que uma pessoa que quisesse utilizar os ensinamentos dele deveria entender que cada pensamento seu era como uma pele de cobra, onde haveria, portanto, uma renovação de tempos em tempos, por outra pele. Pode imaginar então o que seria coletar peles velhas, não?

Acho que isso deve acontecer com todos os que mais ou menos se questionam e procuram compreender um pouco a dinâmica das coisas. A vida é dinâmica, num continuum independente de nós seres humanos, sendo complicado prosseguir com qualquer certeza perpétua que seja. Enquanto nos contentarmos em apanhar as peles dos outros em ações automatizadas pelo não pensar, apenas daremos prosseguimento ao auto-engano e nunca antigiremos de fato alguma realidade que seja, que nos aprofunde em compreensão de como perceber o mundo em nossa volta.

Será que é realmente isso que queremos? Continuarmos vivendo uma vida tendo sentido apenas quando estamos rodeados de gente e por alguns instantes?

sábado, 11 de abril de 2009

A grande bandida

Há certas coisas na vida que nos levam para baixo. Empurram-nos ladeira abaixo, que às vezes é difícil levantar... mas não há nada pior, ao meu ver, que aquela que destrói lares, devasta nossa saúde mental, tornando-nos medíocres! A grande bandida tráz uma vaga sensação de segurança no início! Às vezes, um programa de TV que assistimos em um dia e outro e outro... Depois é o acordar naquele horário pela manhã e pegar aquele caminho conhecido para o trabalho! Em seguida, começamos a olhar para as pessoas sempre da mesma maneira e até mesmo nossos familiares nos tornam tão "familiares" que esquecemos até de ver o mais óbvio...

Com o tempo, já nem conseguimos ver o que está em nossa frente; como uma "cegueira branca"! E mais e mais, nossa inteligência vai "encurtando". É tão penoso pensar, que preferimos procurar quem o faça!

Pois é, meu amigo! Essa grande bandida é a ROTINA! Aquela que nos leva a uma inércia tão grande que todos os detalhes nos passam pela frente sem serem percebidos. E dia a dia, faz-nos pensar que vivemos num reino seguro onde tudo é controlado, mas que apenas uma poeirazinha destrói-nos a paz. A grande inimiga da criatividade e da auto-estima... Sim, porque essa última só aparece na rotina como uma falsa sensação de segurança!

domingo, 29 de março de 2009

Trabalho de Conclusão de Curso ou Trabalho de Criação de Cientistas?

Outro dia acompanhei uma discussão iniciada por um aluno de graduação numa lista que participo. Ele parecia estar em crise existencial sobre o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que deveria realizar no final do seu curso de Computação (detalhe, faltavam ainda 3 anos para terminar).

Mas vamos a dúvida: num TCC, o que deveria ser feito? uma pesquisa ou projeto e inovação? Bom, parece que pela própria dúvida, podemos entender o porquê da crise do sujeito: ele parece confundir tudo em uma mesma mistura como se tivesse comendo feijão com "gnocci". Também não é de se espantar, porque até mesmo colegas professores não sabem muito os limites de um TCC. Confesso que durante muito tempo também não sabia, e não estou totalmente certo se o sei de fato, mas vou tentar apresentar o meu ponto de vista aqui, neste pequeno espaço.

Nas minhas primeiras supervisões de TCC (ao todo foram 11 em 4 anos e meio de carreira), mudei várias vezes meu ponto de vista. Primeiro por começar a observar que existem alunos e alunos, e não adianta impor um trabalho de execelência a todos, porque isto não funciona. O TCC, ao meu ver, parece ter um finalidade específica: movimentar aquele aluno que passou quase 4 anos da vida tentando corresponder as expectativas das disciplinas de curso. Não há nada mais penoso que isto: sim, porque para o aluno brilhante, as disciplinas são limitantes; e para os medíocres, as disciplinas são um fardo. Dai, vem o TCC, que deveria (no meu humilde ponto de vista) destravar os medíocres, fazer brilhar os brilhantes e dar um "up" nos medianos. Deveria ser o período de incentivo da criatividade, mas sem esquecer obviamente do método científico. A cópia, obviamente, ou qualquer tentativa de plágio, deveriam ser alertadas sob pena de mediocrizar a todos, inclusive os próprios professores (principalmente aqueles que nem se dão o trabalho de ler ou orientar seus alunos).

Voltando à questão do escopo de um TCC, creio que seja difícil limitá-lo a um bem formado domínio, entretanto, talvez seja possível traçar algumas rotas para que haja mais sucesso, por exemplo:

1) Acho que o aluno deve fazer um projeto que lhe motive. Não adianta impor um projeto que o professor concebeu e precisa de recurso, porque acho que isso na maioria das vezes é prejudicial para ambos;

2) A contribuição de um TCC deve ser muito mais para o aluno do que para a comunidade científica. Se houver esta última, melhor, mas não creio que deva ser o padrão, em todo o caso;

3) Deve haver um rigor científico, pois quanto mais cedo o aluno aprende a fazer pesquisa, melhor. E aqui, devo ressaltar que fazer pesquisa é um termo abstrato; de qualquer forma, pesquisa, em ciência, tem quase sempre andado junto de inovação. Mas inovar pode ser regional ou localmente, levando um determinado método ou técnica para os grupos locais de uma universidade expandirem seu domínios em uma determinada área. O rigor científico deve sempre existir e ser seguido de uma metodologia de pesquisa bem definida, pois é nesta fase que o aluno será preparado tanto para a indústria quanto para a academia. O rigor científico, tanto na escrita quanto em experimentos e até mesmo na análise de resultados, ajudará ao aluno a ser rigoroso com a sua produção em toda a sua carreira;

Enfim, acho que é no TCC que um aluno terá a oportunidade de adquirir e amuderecer talentos para toda a sua vida, tais como: postura de apresentação, construção de uma boa redação, saber procurar as fontes certas de conhecimento, etc. E depois, ao término do curso, provavelmente não teremos aluno pré-parados, mas alunos que aprenderam uma certa dinâmica para além das disciplinas quase sempre "estáticas"!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ser ou não ser, eis a questão...

Parece que o ser humano é dado a uma divisão. Acho que é porque somos seres que já nascemos divididos desde o início dos tempos. Se acreditamos na Bíblia, por exemplo, podemos ver que o próprios Adão perde uma costela para poder gerar a Eva. Em outras palavras, é dividido para poder criar sua forma feminina. E é a partir dai que parece que nós, os homens, vivemos em busca de nossa costela amada.

Mas vamos ao que interessa! Nossas sociedades ocidentais parece nos impelir a tomar partido, ou pelo menos, a fazermos partes de um partido. "Parte", "parte-ido", palavras que nos perseguem em toda a nossa vida; se vamos a um psicólogo, este deve seguir a linha freudiana ou junguiana ou lacaniana ou comportamentalista, e ai daquele que se aventure em várias dessas áreas, vai ser "mal-dito" em toda a sua carreira. Na engenharia, na minha área por exemplo de visão computacional, os que seguem a abordagem Fuzzy falam mal dos que seguem a abordagem bayesiana ou markoviana, e vice-versa; os que decidem calcular tudo por geometria falam mal dos que resolvem usar um pouco de "reasoning", enquanto que estes últimos acreditam que os primeiros são tão obcecados por precisão que não percebem que os cálculos que o ser humano fazem são imprecisos e dão certo!

Se passearmos um pouco nas religiões, isso fica muito mais complicado. Poucos são aqueles que acreditam ou mesmo toleram intersecções em termos religiosos. Espíritas não podem participar de missas católicas; seria uma incoerência para um testemunhas de jeová participar de um ritual das igrejas africanas... Ufa! Que cansaço dar só em imaginar que quanto mais o ser humano se torna cindido, mais parece que ele precisa seguir um caminho único, ser uma só pessoa, conformada em um padrão onde outras pessoas sugerem ser o "certo".

Devemos "ser" assim, não "sendo" assado. Algumas pessoas não conseguem enxergar que as coisas se sobrepõem e interceptam e mais ainda: somos seres que precisamos nos realizar através de muitos caminhos, porque não conseguimos ainda encontrar aquele "caminho do meio" que tanto nos sugere o nosso amigo Jung. O que não compreendo (se alguém souber, por favor explique-me) é porquê algumas pessoas precisam impor tanto o que devemos ser ou não. Parece que no decorrer da vida essas pessoas interpretam suas frustrações ou conquistas como se só houvesse um caminho a seguir!

Por mais lógico que pareça ser um caminho, "há mais mistérios entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia pode compreender" para que possamos imaginar que devemos "to rule the world" com nossas convicções sobre determinadas "verdades".

Não é isso que quero para meu filho, e peço que seja castigado se cometer este pecado com ele. Quero que ele tenha um pensamento mais liberto possível e se for necessário que ele tenha que "matar a Deus", que seja feito para que ele possa se realizar em seu caminho, mas desejo que ele nunca esqueça de ser uma coisa: ético, responsável para com a vida e que tenha caráter em suas determinações. Como sei que a vida nos prega tantas peças, ainda assim o perdoarei se falhar em algum momento, mas será difícil imaginar-me o compreendendo, neste exato momento, caso ele desista de continuar tentando...