domingo, 8 de agosto de 2010

Ser pai no século XXI

Ser pai no século passado era ser provedor. De maneira geral, não havia o compromisso de compreender os anseios dos filhos, de guiá-los conforme uma filosofia maior de vida! Não que os nossos pais não tivessem sido carinhosos, ou presentes, ou mesmo compreensívos com nossos erros, mas era diferente...

Sou pai. Mais que isso, sou pai nesse século, apesar de ter me criado no século passado. Apesar de não poder fazer o que minha esposa faz (bem que queria amamentar, e se fosse possível até mesmo cuidar de nosso bambino ao longo do dia), sempre quero estar presente em todos os momentos de seu desenvolvimento. Vê-lo dar os primeiros passos, falar as primeiras palavras, e mais que isso: passar uma filosofia de vida maior, criar um ser profundo que PENSE os pequenos detalhes e idiossincrasias de sua vida e do meio que viverá. E o mais interessante disso tudo, não estou sozinho. Cada vez mais vejo amigos também tentando ser pai dessa forma: não apenas provendo o sustento maior da casa (mesmo porque, ser provedor sozinho nem entra na equação do nosso século...), mas fazendo parte, se possível até sendo um pouco mãe no que for possível. Infelizmente, o efeito colateral é termos ciúmes das nossas esposas (acho que Freud não previa isso!!), mas isso me enche de orgulho, pois vejo pais diferentes, onde se preocupam em educar seus filhos e não deixar essa responsabilidade exclusivamente com as escolas. Pais que querem que seus filhos sejam éticos no sentido mais largo da palavra.

E, hoje, dia dos pais no Brasil, vejo que nosso planeta parece ter enfim um delineação de um futuro melhor, com uma geração mais preocupada com questões além da sobrevivência e da díade viver-morrer. Preocupada com o SER e não com o TER.

Ninguém é imbatível, mas por que não tentar fazer o melhor!?

Estava ansioso para ver a defesa do cinturão dos médios por Anderson Silva. O desafiante foi o estadunidense Chael Sonnen. No período de promoção da luta, o Chael falou bastante. Estava defendendo a hipótese de que ele era melhor que o Anderson, apesar de considerar que o último era um lutador fantástico! Ninguém parecia acreditar muito nisso...

Um parêntese: na última defesa de cinturação, contra o Damian Maia (apesar do nome, o sujeito é brasileiro, mesmo), o Anderson Silva foi bastante criticado por uma atitude anti-desportiva no ringue, onde assumiu uma postura de chacota contra o adversário. Naquela luta, o Anderson poderia ter nocauteado o Damian, mas não sei bem porquê venceu apenas por pontos e terminou ileso. Fecha parênteses!

Na madrugada desse sábado, comecei a assistir as lutas, esperando o grande momento! Particularmente, as lutas preliminares foram todas muito chatas, com exceção da luta do John Fitch, que apesar de nunca ter o visto lutar, realmente me impressionou com sua técnica e tática.

Enfim, começa a grande luta. Defesas de cinturão são disputadas em 5 rounds, em contraposição aquelas lutas normais que só possuem 3 rounds. E os dois lutadores entram na arena. Primeiro o desafiante e depois o grande Da Silva. Este entra sem mesmo olhar para o adversário, com uma postura de total desprezo. O Sonnen? Sempre de cabeça baixa... Começam a lutar. E, depois das críticas, todos esperam um Da Silva mais contundente, mostrando o porquê de estar defendendo seu cinturão desde agosto de 2006. Primeiro ataque e Sonnen mostra-se mais equlibrado, recua e leva o Da Silva para o chão. Ninguém acreditava naquilo. Vimos um Da Silva totalmente inerte, apenas se defendendo. Apesar de apanhar bastante, nenhum corte, diferentemente do Sonnen, que já tinha o rosto bastante ensanguentado! E acaba o round 1, com uma contagem de 10/8 ou 10/9 feita pelos comentaristas do SporTV. Começa o segundo round, e todos esperam uma reação, mas tudo segue como "d'antes no quartel de Abrantes": 10/9 para Sonnen.

Bom, só tinha mais o terceiro round para o Anderson dar a volta por cima, pois caso contrário só continuaria com o título por K.O. ou submissão. E não deu outra: Anderson perdeu mais uma vez! Da mesmíssima forma que os outros rounds. Pronto: só havia agora a possibilidade de finalização ou o cinturão estaria nas mãos do americano! Round 4 e o impossível aparecia na frente dos olhos de milhões de telespectadores: Anderson escorrega sozinho e cai! Era a derrota final, o maior campeão de todos os tempos estava acabado, humilhado, derrotado por sua própria arrogância na última luta, onde pisou seu adversário mais com uma atitude de déspota do que de um grande lutador! E os minutos se passavam e só víamos o Anderson submisso, se defendendo bastante dos golpes certeiros de Sonnen. Era o fim!

Round 5: Continua tudo como nos outros rounds. Esperem, o que foi isso? Uma batida (tap out)? Anderson estava agora com parte do braço e cabeça do Sonnen entre as pernas e Sonnen batia 3 vezes levemente na perna do Anderson para que parasse. O pior foi que depois que o juiz viu o que aconteceu, numa atitude de extrema anti-desportividade, o Sonnen queria continuar a luta, tentando transparecer que não tinha batido...

Não acreditava no que se tinha delineado faltando 2 minutos para o término do round 5: Anderson havia vencido com submissão, e provado que era o maior lutador de MMA de todos os tempos. Nas palavras finais, em meio a uma ensurdecedora vaia geral do publico da Califórnia, Anderson explicava que tinha lutado com uma costela quebrada nos treinos. Ele havia vencido a si mesmo, sua arrogância, sua prepotência e mais que isso sua própria inflação egóica! E deixou uma lição: ninguém é imbatível, mas precisamos nos momentos mais difíceis de uma dose de humildade e superação para tentarmos pelo menos fazer o melhor...